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Trio de Ferro não ousa e aposta em experiência

Menon

22/01/2016 12h12

O Trio de Ferro tem visto a Libertadores como um campeonato hiperbólico, de dificuldades intensas e terríveis que só podem ser enfrentadas por jogadores de carreira já consolidada, com experiência acumuladíssima. Os cascudos.

Vejo um exagero nisso. Futebol é futebol e não há hora para o novo surgir. O Corinthians ganhou em 2012 com o experiente e malaco Sheik, mas teve gol dele – Romarinho – na Bombonera. E quem era Romarinho antes daquele jogo?

São três exemplos que vejo de forma mais clara.

Nathan – O zagueiro já fez partidas muito boas pelo Palmeiras. Tem participação em campeonatos de seleções de base. No ano passado, foi muito mal em uma partida contra o Coritiba. Detalhe: estava na lateral-direita e parece ter pago exageradamente por esse jogo.

O Palmeiras preferiu apostar em Edu Dracena. Acho até correto, Edu tem carreira incontestável e – acredito – trará coisas boas ao Palmeiras. Não será Lúcio. Mas, e Leandro Almeida? Acredito que Nathan seria uma aposta melhor que Leandro Almeida, como no ano passado seria melhor que Vitor Ramos. Parece que os experientes como Vitor Ramos – fez o que de bom antes do Palmeiras? – e Leandro Almeida podem errar muito mais que um garoto promissor como Nathan.

Leandro Almeida joga na esquerda e Nathan na direita, me lembra o @verdazzo Conrado. E Roger Carvalho? Qual a credencial que tem – além de uma boa Série B – para ganhar a precedência sobre uma revelação?

Marciel – O volante canhoto de 20 anos, promissor, será trocado por Williams, de 29 anos. Vamos lá. Williams é um jogador que protege muito bem a defesa, tem números muito bons quando se fala em desarmes. É um jogador útil. Será útil ao Corinthians. Acho um erro dizer que Bruno Henrique tenha as mesmas características de Ralf. Com Ralf, Elias tem liberdade para sair e transformar o 4-2-3-1 em 4-1-4-1. Não é uma contratação errada. Mas não poderia vir em troca de dinheiro.

O Corinthians arrecadou R$ 70 milhões com as vendas de jogadores. Não poderia gastar R$ 5 milhões e manter Marciel? O garoto teria a chance de jogar. Ah, mas não é experiente. Mas os 11 precisam ser experientes? Com Cássio, Elias, Danilo e outros em campo, Marciel não poderia render? Ou então, não poderia jogar no Paulista?

Lugano e Breno – Aqui, não se trata de jogadores jovens serem preteridos. Lucão já teve mais de 30 partidas pelo São Paulo e não mostrou a segurança necessária. No Paulista do ano passado, Antônio Carlos foi preterido para que ele fosse inscrito. Boa ideia, mas a realidade é que ele ainda não mostrou ter futebol que garanta um posto no time titular.

Mas apostar na experiência de Lugano e Breno ao mesmo tempo é perigoso. Lugano, após a Copa do Mundo, ficou 11 meses sem jogar futebol. Depois, começou a se recuperar na Suécia e no Paraguai. Não digo tecnicamente, mas de forma constante. Entrou em campo, mas ainda está com pouco peso. Busca o melhor condicionamento.

E Breno. Ficou um tempo na prisão, fazendo exercícios que não tem a ver com futebol. Deixou de ter o físico de um atleta profissional. Algo que busca recuperar agora. Mas ainda tem pouca noção de espaço, ainda perde o tempo de bola…

São dois jogadores de bom passado, de bom futebol, mas que correram o risco de abandonar a carreira por problemas físicos.

Uni-los  – na zaga ou com Breno no meio – em nome da experiência, me parece algo preocupante.

Experiência é a bola da vez.

Uma aposta segura – se não der certo, a culpa é do jogador – que pode se tornar perigosa.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.