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Pato foi um leão e derrotou Coronel Andrés

Menon

27/01/2016 14h00

No futebol de hoje – pelo menos no Brasil – jogador não fala. Geralmente não tem opinião sobre nada. E, quando tem, não é sobre sua carreira. Quando este é o assunto, a resposta é padrão: "Estou focado no próximo jogo e quem decide isso é o meu empresário" Isso, no caso, é qual time irá defender dali a dois ou três meses. Ou dias.

A exceção, neste inicio de ano, veio de onde ninguém esperava. Veio de Alexandre Pato, talvez o mais desligado jogador brasileiro. Tão desligado que: 1) sendo jogador do Corinthians 2) estando emprestado ao São Paulo, disse que torcia pelo Palmeiras conseguir o título da Copa do Brasil.

E foi Pato, o aéreo, quem deu o exemplo. Tomou a carreira na mão e disse alto e bom som "para a China, eu não vou. Quero ir para a Europa". Duas afirmações que causaram espanto. Primeiro, por recusar milhões e milhões da China. E depois, por mostrar que ainda aposta em seu futebol, em uma volta aos grandes campeonatos. Ninguém acreditaria nisso.

Pato acreditou. Enfrentou o desejo de Andrés Sanchez, que fez declarações infelizes e perigosas, dizendo que a torcida não aceitar o fato de Pato haver recusado a China. Ele, corajosamente, enfrentou o coronel Sanches e conseguiu concretizar a transferência para o Chelsea, que começa a se recuperar em uma das ligas mais competitivas do mundo.

Vai ser um sucesso? Não acredito. O Chelsea tem Diego Costa, William, Hazard e Remy. E nem estou falando do garoto Kennedy. Vai ser difícil, mas Pato conseguiu o que queria.

O fato de ter sido um leão nesse episódio não diminui o fato de sua contratação pelo Corinthians haver sido um grande mico. O clube pagou 15 milhões de dólares para um jogador que só rendeu no São Paulo, quando esteve emprestado.

Agora, o clube se livra dos R$ 800 mil mensais que paga a Pato. Mas, não recebe nada pelo empréstimo. E no final dele, em julho, Pato já poderá assinar um pre contrato com outro clube. Ou seja, o Corinthians não conseguirá nada com sua saída. Assim como não conseguiu nada – tecnicamente falando – com sua permanência.

Pato, um mico que se revoltou e teve atitude de leão.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.