Prass, a estátua Moai. Personagem da semana
Na quinta-feira, dia 3 de março, o argentino Marco Rubén, diante do testemunho de 36 mil pessoas, se viu diante de um deus Moai. O rosto anguloso e de traços marcantes de Fernando Prass era como uma esfinge.
Decifra-me ou te devoro.
Minutos antes, Robinho, com um carrinho dentro da área, havia atropelado Cervi. Pênalti para o Rosario, que perdia e dominava. Sufocava.
E os dois homens se viram frente a frente. Onze metros de distância. Dois homens? Ou um homem e alguém que está se transformando em mito. Substituindo outro mito. E, para a fanática torcida, transformando em pó o legado do mito que se aposentou em dezembro. O Mito do outro lado do muro.
Rubén se preparou. E a estátua não era estátua. Ela se mexia bastante, lateralmente, de acordo com a regra. E a estátua apontava o seu lado esquerdo.
Jogos mentais. Prass sabia que, no final de semana, Rubén havia feito um gol no Colón, cobrando pênalti, ali no lado esquerdo do goleiro.
O aviso estava dado: eu sei o que você fez na semana passada.
O que Rubén deve ter pensado? 1) ele aponta o lado esquerdo, então vou chutar no direito. 2) ele aponta o lado esquerdo, para que eu chute no direito, então eu chuto no esquerdo mesmo. E se ele pular no esquerdo?
Rubén foi vencido pelo jogo mental. Optou por mudar o que havia dado certo contra o Colón. Chutou no lado direito e viu a bola se chocar contra a estátua de toneladas. Estátua móvel. Escanteio.
Mais um fato a contar. Mais um fato a constar na narrativa de construção do mito Prass. A torcida já não sente tantas saudades de Marcos. É lógico que ele nunca será esquecido, é lógico que ele será sempre o preferido, mas os verdes sabem que sua ausência está sendo preenchida da melhor maneira possível.
Prass pegou um pênalti e marcou outro na final da Copa do Brasil contra o Santos. Repetiu a dose contra o Nacional, no início da temporada. Para os torcedores, já está à altura de Rogério Ceni. Em porcentagem de acerto, em cobranças que valeram títulos…
A vida continua. A história futebolística é escrita a cada domingo, a cada jogo. A certeza que fica é que, quando houver um pênalti contra o Palmeiras, sua torcida – seja ela evangélica, católica, espírita, umbandista – se renderá aos segredos da estátua Moai. Pênalti já não é sinônimo de quase gol, de sofrimento chegando. Penalti, com Prass, pode ser o início da catarse, o pré gozo, o grito gritado bem alto, com a mão crispada.
São Prass está sendo construído, sob proteção de São Marcos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.