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Demissão de Milton Cruz mostra pulso e coragem da nova direção do São Paulo

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28/03/2016 13h29

O texto abaixo é do jornalista Rafael Bueno. Eu o publico como tema para discussão. Minha opinião é diferente. Eu acredito que Milton Cruz fez bem ao São Paulo e ainda poderia continuar fazendo. Eu respeito muito o seu trabalho.

Mas, vamos à discussão. O texto do Rafael é muito bom.

 

O mercado num todo é complexo; no futebol, mais ainda. Jogadores são ativos do clube e não podem simplesmente terem seus contratos rompidos para trazer outros tantos ou fazer transições impositivas da base para o profissional sem considerar o tempo de maturação. É preciso paciência. Se no São Paulo uma necessidade de reformulação significativa do elenco é um projeto de médio a longo prazo, na diretoria ela já começou. E o presidente Leco merece elogios por isso.

 

A nomeação de Luiz Antonio da Cunha como novo homem forte do futebol são-paulino é promissora. Com menos de uma semana na função, teve o pulso e a coragem para tomar uma decisão que há tempos era imperativa: a dispensa de Milton Cruz.

 

Os últimos anos têm sido frustrantes para todo são-paulino. Administrações lesivas ao clube, contratações, dispensas, trocas de treinadores, briga contra o rebaixamento e até a sensação de impotência num campeonato em que terminou como vice-campeão escancaram o duro momento tricolor. O torcedor mais presente clama por necessárias mudanças. A saída de Milton Cruz é, em definitivo, uma delas – e marca uma disrupção que o São Paulo precisava.

 

Não se discute a importância do agora ex-funcionário na história do clube. Foi ele quem ajudou a montar os times campeoníssimo em 2005 e depois os elencos que chegaram ao tricampeonato brasileiro. Mas parou no tempo enquanto os adversários avançaram. As contratações e indicações que fazia passaram a ser pouco efetivas e o Tricolor entrou num loop infinito de contratações e mudanças importantes de elenco ano após ano.

 

Milton vangloriava-se de ter encontrado bons jogadores e colaborado para a revelação do Lucas Moura, hoje no Paris Saint-Germain, por exemplo. Sempre se autopromovia em cima dos filhos bonitos; os feios que ficaram pelo caminho, por sua vez, sua estratégia de comunicação tratava de esfumaçá-los. Quantos talentos da base deixaram de receber chances concretas em função do aproveitamento de reforços trazidos pelo famoso caderninho do Milton Cruz? Vejam: não é uma questão de afirmar cegamente que todos garotos de Cotia seriam boas revelações, mas é preciso testá-las. Nem todo menino de 18 anos (ou mais, ou menos) tem a personalidade de um Lucas Moura.

 

Por tudo isso, a despeito da importância que Milton Cruz teve em algum período dos seus 22 anos como funcionário do São Paulo, essa ruptura era essencial. E ainda bem que alguém com a coragem do Luiz Cunha ajudou nesse processo que é o início para arejar o ambiente ultimamente complicado do futebol tricolor.

 

Pulsação forte

 

O novo diretor de futebol também foi flagrado por câmeras indiscretas tendo uma conversa com Michel Bastos há poucos dias. Foram observados gestos de lado a lado, mas um chamou a atenção: Luiz apontando para o jogador e depois batendo a palma da mão em seu próprio peito.

 

Ainda que o próprio Michel Bastos tenha se mostrado entusiasmado com a conversa com afirmações durante coletiva de imprensa concedida no mesmo dia em que ocorreu a cena do diálogo com o dirigente, muitos formadores de opinião e jornalistas interpretaram como uma repreensão no meio-campista. O respaldo do Michel na entrevista e o gesto do Luiz destacado anteriormente, entretanto, permitem uma única interpretação: uma incisiva demonstração de apoio e confiança a um dos mais questionados – porém bastante qualificado – jogadores do elenco.

 

Se o mercado do futebol é complexo, então é preciso prosseguir com o trabalho com os jogadores que estão à disposição. O São Paulo – evidentemente – tem carências, mas está longe de ter jogadores ruins dentro da realidade do futebol brasileiro.

 

Estes dois episódios (demissão de Milton Cruz e conversa do diretor de futebol com Michel Bastos) evidenciam que as mudanças no futebol tricolor estão em pleno curso. Sim, tecnicamente e taticamente as exibições deixam muito a desejar, mas no banco há um treinador vitorioso e que não viu os seus dois títulos de Libertadores caírem de paraquedas. Apesar de o desempenho do time não colaborar para a aproximação com a torcida, é preciso ter em mente que finalmente há indícios de uma direção com pulso e coragem para de fato contornar a situação complicada.

 

Torcedor são-paulino, o São Paulo ainda pulsa. É chegada a hora dos torcedores elevarmos a carga de adrenalina para elevar a pulsação do nosso amado clube brasileiro. Um voto de confiança às transformações que estão em curso para um futuro vitorioso.

 

*Rafael Bueno é são-paulino. E jornalista.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.