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Menon

Vendedor de Viagra, Dunga está na classe errada. É apenas um aprendiz

Menon

29/03/2016 14h48

Há muitos anos, em uma aula de Hidráulica, na Escola de Engenharia de Lins, um amigo meu estava mais perdido que cego em tiroteio, que cachorro em dia de mudanças, em….toda comparação é válida e insuficiente. Meu amigo não tinha vocação para Engenharia, gostava mesmo era de ler e escrever. Caminhava mais de um quilômetro para chegar até a Estação Rodoviária e comprar o Jornal da Tarde, que chegava quase à noite.

O professor Maurício estava explicando como calcular o diâmetro necessário aos tubos para suportarem uma determinada pressão. Era uma tabela, que unia a vazão a ser escoada e um outro parâmetro que não me recordo. Entra aqui, entra ali e pronto ali está o diâmetro. O professor deu lá dois valores e perguntou ao colega.

Ele se assustou ao ouvir seu nome. Não estava preparado. Aparvalhado, assustado, ouviu a dica soprada por Jarbas Elorza Rodrigues Alves, grande amigo e grande engenheiro. Jarbas disse alguma coisa como 150 ou qualquer numero assim. E meu amigo repetiu o número. A classe ficou assustada com tamanha estultice. O professor logo chamou outro colega. Na verdade, o número 150 ou qualquer coisa assim era apenas o número da página a ser consultada. Ali, na determinada página, estava a tabela.

Eu me lembrei do colega, que não vejo há tanto tempo, ao ouvir a entrevista de Dunga.

-Virilidade, ele disse. O Brasil precisa de virilidade.

Virilidade. O Brasil perde de 7 a 1 para a Alemanha, perde de 3 a 0  para a Holanda e os dirigentes da CBF afastam Felipão, que estava grudado no cargo como o urso no Leonardo di Caprio lá no filme O Regresso.

Tiraram o Felipão. Colocaram o Dunga. E quase dois anos depois – inclusive com uma participação fraquíssima na Copa América – ele diz que o Brasil precisa de virilidade.

Como se fosse um vendedor de Viagra.

O grito de virilidade tem o mesmo sentido da bobagem dita pelo meu amigo. Lembremos dois jogos do Brasil nas Eliminatórias.

CHILE – O Brasil começou bem. O Chile estava dominado. Sampaoli resolveu mudar de esquema. Tirou o zagueiro Francisco Silva e colocou o meio-campista Mark Gonzalez, no final do primeiro tempo. Passou a dominar o meio campo e os gols vieram. O Chile ganhou por 2 a 0. DUNGA NÃO REAGIU.

URUGUAI – O Brasil começou bem. O Uruguai estava dominado. No intervalo, Oscar Tabarez trocou o 4–4-2 por um 4-1-4-1 com Arevalo Rios bem recuado e Cavani deixando o ataque para ser o homem da segunda linha na esquerda. O Uruguai ganhou o meio campo e empatou. Saiu barato. DUNGA NÃO REAGIU.

Ele é surpreendido por treinadores de melhor nível do que ele. E, surpreendido, saca do seu baú de obviedades a VIRILIDADE, que seria a panaceia a nos curar de todos os males dos últimos dez anos. Pelo menos. E fala outras platitudes como "o Brasil não tem força na Conmebol". Não tem força porque os presidentes eram ladrões. Os dirigentes que o escolheram.

Dunga foi técnico da seleção em 2010. Voltou em 2015. O que ele aprendeu nesse período? O que ele melhorou? Que novidades táticas acrescentou ao seu currículo? Que cursos fez? Que bons trabalhos apresentou?

Se tivesse mudado algo, não estaria gritando VIRILIDADE por aí.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.