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Torcida do São Paulo joga contra e afasta Michel Bastos.

Menon

30/03/2016 22h01

Todo jogo do São Paulo é um drama para sua torcida. E a torcida tem sido um drama para o time. Não vai a campo e apresenta muitas desculpas: o time vai mal, o ingresso é caro e o Pacaembu não é minha casa. Também não é a do Palmeiras e também não é a do Flamengo, que foram em boa quantidade ao velho estádio.

Não vai, mas vaia. O Judas da vez é Michel Bastos. E agora, o clube vai perder o jogador. Foi o que ele deixou claro após o empate contra o Linense. Percebeu que as vaias são contra ele e não contra o time. É uma perseguição insidiosa e desumana. Michel Bastos perdeu um pênalti. Um grande erro. Mas jogou bem.

Importante notar que as vaias não são pelo pênalti. As vaias são porque há um tempo, Michel Bastos fez o sinal de cala a boca para a torcida. E a torcida – qualquer uma – se considera uma entidade única, acima de tudo e de todos. Não pode ser afrontada. O jogador pode jogar mal, pode desonrar o time, mas se fizer aquele sinal com os braços cruzados, está no lucro. Ao contrário, os que afrontaram a torcida, podem fazer dez gols por jogo que são vítimas de apitos, vaias e outros sinais de intolerância.

Tudo o que está errado no São Paulo tende a piorar com Michel Bastos. Não que ele seja um gênio do futebol, mas é que o time tem jogado tão mal que um a menos é sinônimo de mais problemas.

O São Paulo tem dificuldades enormes para fazer um gol. Nos últimos jogos, foram apenas cinco. E quatro sofridos. Quatro empates e uma única vitória. O esquema de Bauza – ou, vá lá, a incapacidade dos jogadores em fazerem o esquema funcionar – deixa Calleri muito isolado. Os cruzamentos não são bons e nem em quantidade. E Ganso também não tem com quem dialogar, pois Thiago Mendes e Hudson ficam muito atrás.

Com tantos problemas, o time não pode se dar ao luxo de perder pênaltis. Foram quatro errados e apenas um acerto no ano. Contra o Trujillanos e o Linense, o erro na cobrança de pênalti significou a impossibilidade da vitória. Bola na trave e quatro pontos voando.

O São Paulo sofreu ainda com alguns gols maravilhosos. O de Hohberg, pelo Cesar Vallejo, e o de Ze Antônio, contra o Linense. Mérito deles, mas a torcida bem que pode lamentar com o famoso desdém: "nunca mais vão fazer um gol assim". E houve ainda alguns erros totalmente evitáveis do garoto Lucão.

São muitos problemas. A dois jogos do final da primeira fase – Oeste em casa e São Bento fora – a classificação não está garantida. O São Paulo precisa da ajuda do Santos, que enfrentará Audax e Ferroviária, seus rivais.

Mas, sem Michel Bastos, tudo vai melhorar.

Quem sabe, a torcida até resolva comparecer ao estádio.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.