Topo

Menon

Brasil será derrotado uma vez mais. Seja qual for o resultado

Menon

17/04/2016 06h17

Hoje, o 7 a 1 passa a ter um companheiro na galeria de vexames.

Escrevo antes do embate que decidirá pelo impeachment ou não da presidente Dilma Rousseff. O resultado do jogo não interessa. O jogo é a vergonha. Sua existência nos envergonha.

A realização deste jogo nos coloca no rol das repúblicas bananeiras. Ele mostra que não há a menor preocupação com a continuidade democrática. Desde que a República foi proclamada, quantas vezes tivemos um presidente passando a faixa para seu sucessor? Tivemos 15 anos de Vargas, tivemos 21 anos de golpe militar, impeachment de Collor e agora, novamente há a possibilidade de assumir alguém que não foi eleito para assumir.

O que será do Brasil após o resultado de hoje? Derrota e mais derrota. Talvez, mortes.

As duas opções:

1) Dilma consegue segurar o impeachment – E como continua a governar com pouquíssimo apoio no Congresso. Fará novas concessões? Atrairá novamente PMDB, PSD e outros partidos que estavam com ela até agora? Correrá para o braço dos movimentos sociais. Terá força para implantar alguma reforma radical? A certeza é que os seguidores do impeachment voltarão às ruas. E haverá novos pedidos, no Congresso  ou no TSE?

2) Dilma não consegue segurar o impeachment – Temer, sem nenhuma representatividade e com a marca da traição – nunca vi um vice conspirar à luz do dia – será o presidente. O vice será Eduardo Cunha, réu do STF e com contas no Exterior. Ele diz que é usufrutuário. Nem quem é a favor do impeachment acredita nisso. Terá força para implantar o programa "Ponte para o Futuro", totalmente liberal? Conseguirá montar um governo que atenda às demandas dos derrotados.A certeza é que os movimentos sociais estarão na rua. Ocupações de terra, trancamento de ruas, paralização de Universidades. E a campanha de 2018 irá para as ruas. Os componentes do governo Temer ficarão com ele ou cuidarão de sua vida?

Em um cenário ou outro, haverá choques de rua.

Coxinhas e petralhas?

Não, amigos.

Brasileiros contra brasileiros. E todos sabemos que as forças de segurança – basta ver as PMs – não são treinadas para enfrentar uma situação dessas. São treinados para reprimir. E tenho muito medo que a situação saia de controle.

Tenho medo de mortes.

Pode ser a conclusão de um jogo que não deveria haver. Muito menos conduzido por um juiz ladrão. No sentido literal e literário.

Basta lembrar que o processo de cassação de Cunha foi aprovado na Comissão de Ética antes de ele aceitar o processo de cassação de Dilma. E como correu um e como correu o outro?

Sou um otimista. Nunca pensei que passaria – 52 anos depois – pelo mesmo processo. E ele está aí. Independentemente do resultado, o que vemos é um país desmoralizado.

14 a 1.

P S – Não escreverei mais sobre o assunto acima. Amanhã, falarei de Audax x São Paulo. O cidadão honesto, pagador de impostos, apaixonado pela Pátria dará lugar ao comentarista esportivo.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.