Champions é fácil. Quero ver ganhar a Libertadores, Simeone!!
Imagine a seguinte situação:
Quartas de final de Libertadores.
O time venceu a primeira, por 2 a 1. E vai decidir a vaga no campo do rival, totalmente lotado.
O time que precisa vencer faz 1 x 0 a 14 minutos.
Aos 41 minutos, fica com um homem a mais por conta de uma expulsão.
Aos 16 minutos do segundo tempo, faz o segundo gol e o adversário tem mais um expulso.
Com a classificação praticamente assegurada, o treinador, em vez de se resguardar, faz uma troca ofensiva.
Desguarnece seu lado direito e permite um bom espaço para um talentoso meia rival.
E o time com nove, faz dois gols. Aos 24 e 28 minutos. Classifica-se com nove no campo do inimigo.
Qual desses dois times é dirigido por Diego Simeone, o atual treinador do Atletico de Madrid?
O segundo, amigos. O segundo. O que jogava em casa, tinha dois a mais e 2 x 0 no placar.
O River Plate de Diego Simeone, eliminado pelo San Lorenzo de Ramón Diaz em 8 de maio de 2008. Uma derrota a mais para justificar o eterno apelido de gallina.
A ficha do jogo está aí e não me deixa mentir:
Clube Atlético River Plate: Juan Pablo Carrizo; Paulo Ferrari, Gustavo Cabral, Eduardo Tuzzio e Cristian Villagra (Alexis Sánchez); Augusto Fernández (Mauro Rosales), Oscar Ahumada, Matías Abelairas e Diego Buonanotte; Radamel Falcao García e Sebastián "Loco" Abreu. Técnico: Diego Simeone.
Clube Atlético San Lorenzo de Almagro: Agustín Orión; Hernán Adrián González, Sebastián Méndez (Gastón Aguirre), Jonathan Bottinelli e Diego Placente; Diego Rivero, Juan Manuel Torres, Walter Acevedo (Pablo Alvarado) e Andrés D´Alessandro; Néstor Andrés Silvera e Gonzalo Bergessio. Técnico: Ramón Díaz.
O meia habilidoso e jovem? Dalessandro
A troca equivocada? Rosales por Fernandez
Os expulsos? Bottineli e Rivero.
Diego Simeone decide amanha pela segunda vez a Liga dos Campeões. Pelo Atlético, contra o Real Madrid. Como em 2014. Duas decisões em três anos, algo impensável na história dos colchoneros. Uma história revertida por Diego Simeone, com características de futebol sul-americano. Muita marcação – o time fica sem tomar gols em 52% dos jogos desde a chegada do Cholo – muita compactação, time muito bem armado e aquela pitada sudaca: bola jogada em campo, substituição aos 45 do segundo tempo, para diminuir o ritmo do jogo e muita catimba.
Simeone tem a cara da Libertadores, todos dizem. O mundo viu o tapa que deu em um árbitro auxiliar no jogo contra o Bayern de Munique, implorando, exigindo e impondo um final de jogo. Simeone não quer agradar. Quer vencer.
E por que esse estilo não se consagrou nas duas vezes em que dirigiu na Libertadores? Talvez ainda não estivesse bem definido. O River de 2008 fez 14 gols e sofreu oito na primeira fase da competição. Oito gols em seis jogos? Não é Simeone. Ou, não é ainda Simeone. Fazer uma troca ofensiva, com dois gols a mais contra um time com dois homens a menos? Não é Simeone.
Dois anos antes, Simeone também não era Simeone. Pelo Estudiantes de La Plata, veio definir uma vaga na semifinal da Libertadores contra o então campeão, o São Paulo de Muricy. Na primeira fase, tivera três vitórias, um empate e duas derrotas, com dez gols marcados e dez sofridos. Dez a dez? Em seis jogos? Não é Simeone.
Passou pelo Goiás, com vitória por 2 x 0 e derrota por 3 x 1.
E chegou a vez do São Paulo, que havia eliminado o Palmeiras (2 x 1 e 1 x 1), após passagem tranquila no grupo, com quatro vitórias e dois empates.
No primeiro jogo, deu Estudiantes, em casa, 1 x 0.
No segundo, 19/7/06, o São Paulo se preparou para furar uma retranca. E foi surpreendido por um time que atacou e marcou a saída de bola. Dominou parte do jogo, até sofrer um gol no final do primeiro tempo. No segundo, tudo igual.
Nos pênaltis, três acertos para cada lado. O São Paulo erra o quarto. E o Estudiantes erra também. O São Paulo acerta. E o Estudiantes erra novamente. Eliminado.
SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Edcarlos e Alex; Souza, Mineiro, Josué, Danilo e Junior; Leandro (Thiago) e Ricardo Oliveira
Técnico: Muricy Ramalho
ESTUDIANTES
Herrera; Ángeleri, Alayes, Huerta (Cardozo) e Álvarez; Ortiz, Galván (Cominges), Braña e Sosa (Carrusca); Lugüercio e Calderón
Técnico: Diego Simeone
A Libertadores é mais difícil que a Liga dos Campeões?
Para Diego Pablo Simeone González, cara e jeito de Libertadores, é. Sem dúvida.
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