Basile: "é o pior momento da história do futebol brasileiro". Eu concordo
Os últimos momentos de glória da seleção argentina foram sob o comando de Alfio Basile. Ele a dirigiu na conquista da Copa América em 91, no Chile e 93, no Equador. Em 94, montou um time fantástico que tinha Simeone e Redondo no meio campo, Maradona no meio, Caniggia, Balbo e Batistuta no ataque.
Era a seleção de sonhos, que enfrentaria o pragmático Brasil de Carlos Alberto Parreira. Um jogo que não houve. A Argentina caiu após o doping de Maradona. Não conseguiu jogar e foi eliminada precocemente. Mas que era bonito ver Redondo, Maradona e Caniggia no mesmo time, era. A dupla de volantes do Brasil era Mauro Silva e Dunga. Em lugar de Maradona, tínhamos Zinho e Mazinho. Todos bons, mas inferiores ao Diez.
Fora do futebol – Basile diz que o treinador de hoje é muito exigido e precisa de condições físicas que ele já não possui – ele não poupou a seleção brasileira em uma entrevista dada ao El Pais, da Espanha.
"O futebol brasileiro de hoje é o pior da história. Antes, tinham jogadores que nos davam bailes impressionantes (Atenção: é técnico da Argentina dizendo que levava baile do Brasil. Argentina e não Venezuela)"
E ele continua o veredicto que incomoda: "É incrível como o jogador brasileiro perdeu a técnica. Historicamente, nos podíamos ganhar do Brasil se jogássemos bem, mas sempre sendo valentes e batendo, porque tecnicamente eram melhores. Havia umas equipes impressionantes. E, agora, vejo jogar e faltam jogadores no meio campo, na defesa e no ataque. No último Mundial, jogou Fred de Nove".
Ao responder quem é melhor, Messi ou Maradona, Basile lembra de Pelé. "Messi e Maradona são diferentes. Diego era um estrategista e Messi é um goleador impressionante. Os dois pedem a bola sempre, aguentam porrada e não choram. Dois extraterrestres. Como Pelé. Já joguei contra Pelé e ele fazia tudo muito bem".
Ele aponta Argentina, Brasil, Itália e Alemanha como os melhores do mundo. Reconhece no Uruguai um adversário terrível quando se trata de competições na América do Sul e aponta o crescimento do Chile. E vê em Dybala a prova da renovação constante do futebol argentina, em contrapartida ao momento atual do Brasil.
É fácil descaracterizar o que disse Basile, apontando para a seca de resultados argentinos. É fácil, é cômodo e é muito perigoso. Ele disse alguma mentira? Poderíamos falar do período pre histórico, antes de 1938, quando o Brasil era inferior a Argentina e Uruguai. Podemos lembrar de 1966, quando fomos eliminados na primeira fase da Copa. Mas, lembremos, que apenas 16 países participavam e o Brasil se classificou na América do Sul. E lembremos que aquele era um período de transição. Havia gente nova surgindo, mas a aposta foram nos grandes campeões de 1958 e 1962. E Pelé foi afastado da Copa por pancadaria portuguesa, com certeza.
Hoje, a coisa está tão feia, que parece uma injustiça falar mal de Fred. Ele foi péssimo, mas quem estava melhor que ele? A dois anos da Copa, nossos atacantes são Ricardo Oliveira, Jonas, Hulk….
Ouçamos a voz rouca de Alfio Basile.
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