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Neymar precisa virar homem. E dois livros imperdíveis

Menon

14/06/2016 06h21

Caro Neymar

Meu nome é Luís Augusto Símon e sou conhecido como Menon.

neymarcaricatura2Estou muito preocupado com o futuro do futebol brasileiro. E escrevo sobre isso.

Não sou um babaca. E não escrevo merda. Não tenho problemas com o fisco.

Sou um jornalista de muitas qualidades e que construiu uma sólida carreira escrevendo sobre futebol e outros esportes.

O futebol nos une, Neymar. Você tem o dom de jogar bola. Um dom que poucos tem. Eu o escalaria em todas as seleções brasileiras de 1958 para cá. As outras, talvez. Eu nunca, repare bem, nunca fui o penúltimo a ser escolhido na pelada da rua lá de casa, na esquina da Washington Luiz com a General Osório. Sempre fui o último. E apenas porque eu era o dono da bola.

Não sei jogar, mas sei escrever. E foi acompanhando a seleção brasileira que conheci muitos países. Fui a três continentes. E, neles todos, de país em país, conheci o respeito que o futebol brasileiro construiu.

A seleção, Neymar, é – ainda é? – uma representação de nossa Pátria. Eu soube disso em minha primeira competição. Uma Copa América. A do Equador, em 1993.

Não me lembro o jogo. Chovia. Um equatoriano, um senhor gordo de mais de 60 anos perguntou se eu era brasileiro.

Respondi que sim.

Ele começou a chorar.

Por que o Júnior não deu um passo para a frente, por que ele não deixou o Paolo Rossi impedido?

Não entendi, de imediato.

Ele explicou que estava em Sarriá em 82. E que aquela derrota marcou sua vida. Não se conformava com a derrota, que considerava uma traição ao futebol. Disse que, a partir daí, passou a ir em todas as Copas torcer para o Brasil. Sonhava com o dia de ver o Brasil campeão do mundo. Tomara que tenha realizado seu sonho em 94.

Entendeu, Neymar por que a camisa amarela é importante? Por que ela tem um lugar especial no imaginário popular?

E aí é que entra minha preocupação. Não é mais amada pelos brasileiros, como antes.

Pudera.

É muita roubalheira. Muita. Ricardo Teixeira não pode sair do Brasil. Del Nero não pode. Havelange não pode. Marin saiu e pegou cana.

A gente é pobre, mas é limpinho.

Não gostamos de sonegadores de impostos. Aliás, tomara que você consiga regularizar a sua situação.

Muita gente torce para a seleção perder para ter seus jogadores de voltas. Amam o clube e não a seleção. E o motivo não é só a roubalheira. É a falta de futebol e, em parte, pelo seu comportamento.

Como disse o amigo Rodrigo Bueno, Neymar, você não sabe ganhar e não sabe perder.

Quando está por cima, vai de carretilha, chapéu, rolinho e tudo mais. Defendo e sempre defenderei o seu direito de fazer isso. E nem entro no mérito se é para frente ou para o lado. Não quero te limitar. Mas, que há uma grande dose de arrogância, não se pode negar. Você não tem respeito, você gosta de humilhar. Você não acrescenta dignidade ao futebol.

Quando está perdendo, você faz bico, cara de choro. Lembra da Copa América do ano passado? O Brasil perdeu por 1 a 0, você se irritou e chutou a bola em Armero. Foi expulso, sofreu uma bela multa e deixou os companheiros. Voltou para o Brasil. Bem, estavam pipocando os seus problemas com o fisco e a gente entende…

E na Copa do Mundo? Sofreu uma falta violentíssima de Zuniga. Ficou fora da semifinal com a Alemanha. Quando a goleada começou, você foi jogar pôquer;

E agora? Não pode ir à Copa América, mas deu uma passadinha por lá com o Justin Bieber. Depois, foi embora. E, no dia do jogo, estava em uma festa. Você viu o vexame? Eu vi.

Você, craque, é um dos responsáveis pelo mau momento do amor do povo pela seleção.

Os santistas não te perdoam por aquela transação mal feita. Você já era do Barça e defendeu o Santos em uma final contra o…Barça. E mais. Você e seu pai deram um balão no Santos, vamos falar a verdade? Ficaram com 90% e deram uma merreca para o clube.

O Brasil não aceita seu comportamento como capitão. Você não é um Zito, um Mauro Ramos de Oliveira, um Bellini, um Dunga… Você deixa os amigos ao léu. Você é um menino mimado, um hedonista.

Você precisa crescer, Neymar. Virar homem. Comandar a nossa seleção. Caso contrário, por mais que jogue, muitos vão te considerar um babaca que fala merda.

 

Vou recomendar dois livros espetaculares.

Jogada Politica no Esporte-1

Jogada Politica no Esporte-1

1) Jogada política no Esporte é do Fábio Piperno, um jornalista que dignifica o rádio. Piperno é culto e atualizado. O novo Cláudio Zaidan. Em seu livro, conta histórias incríveis de momentos em que política e esporte se entrelaçaram. Ele mostra a mais dolorida derrota do basquete dos EUA, conta a história de Peter Norman, o loiro australiano que se solidarizou aos negros norte americanos na luta contra o racismo.

Mostra o amor entre um norte-americano e uma tcheca, na época da Guerra Fria. Você imagina um gigante levantador de pesos escrevendo livros? Está lá. E uma verdadeira guerra na piscina, tendo como pano de fundo um jogo de polo aquático? Está lá. O lançamento é hoje. Não perca.

2) Crônicas boleiras é do Chico Bicudo e já foi lançado. Você pode adquirir na livraria Martins Fontes. São 3livrochicobicudo7 crônicas, esse estilo literário tão apreciado, e 186 paginas, mostrando o amor do santista roxo pelo futebol. Com paixão e alma ele conta histórias curiosas, com um texto leve e saboroso.

O livro pode ser comprado também no https://www.chiadoeditora.com/livraria/cronicas-boleiras)

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.