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Menon

A estranha felicidade de Riascos. Obrigado, Trajano

Menon

19/07/2016 09h14

riascosO blog é meu, a opinião é minha, mas a construção, muitas vezes, é coletiva. Ouço muito as pessoas e as opiniões vindas pelo twitter. Assim, consigo pautas, replico dados e contesto ou aceito assertivas. E foi do twitter o primeiro aviso de que algo estava errado com meu post sobre Riascos. O Alexandre SEP (@alexandreMDS) viu algo de xenofobia no fato de eu dizer que um colombiano não estava respeitando o futebol brasileiro. Não é o caso, é lógico. Mas, se ele entendeu assim, é porque o texto permitiu que ele entendesse assim. Ponto contra o autor do texto.

Em seguida, foi meu grande amigo Pelado Lopes, de Indaiatuba. Tenho dois amigos dos tempos de Engenharia, amigos que conheço há mais de 35 anos: Pelado Lopes, de SãoPaulo/Indaiatuba, e Turco Simão, de Itapuí/Santos. Pois o corintianíssimo Lopes me ligou e disse que eu havia errado a mão. Que o texto estava muito duro contra o Riascos.

Bem, amigos, eu sou democrata – primeiramente, fora Temer – mas sou um pouco cabeça dura. Fiquei ruminando as observações do Alexandre e do Pelado, mas não me convenci.

Até que o Mestre Trajano, no Linha de Passe, também discordou do texto. Eu cobrei que Riascos nunca havia ouvido falar de Tostão, Dirceu Lopes etc e Trajano disse que os outros jogadores do Cruzeiro, brasileiros, provavelmente também não. Que os brasileiros não conhecem o passado de seus clubes.

Bem, reli e reli e estava pesado mesmo. Principalmente pelo tom professoral usado.

Erro assumido, vamos falar da felicidade de Riascos. "Tiraram minha felicidade de jogar no Vasco…."

Ora, que felicidade é essa?

1) Riascos tinha vínculo com o Cruzeiro e não convencia.

2) O Cruzeiro o cedeu ao Vasco, onde Riascos foi feliz.

3) Riascos ganhava R$ 250 mil no Vasco.

4) O Cruzeiro pagava R$ 150 mil

5) Com o fim do empréstimo, em maio, o Vasco aceitou pagar a totalidade do salário.

6) O Cruzeiro não aceitou. Queria a venda, por 2 milhões de euros. Queria um ressarcimento porque gastou muito para ter o jogador, que veio do México.

7) Criou-se um impasse. Riascos é feliz no Vasco, com o dinheiro do Cruzeiro.

8) Como romper o impasse? O jogador poderia, em nome da felicidade, pagar ao Crueiro uma parte dos 2 milhões pedidos. Seria um investimento em seu futebol, em seu futuro.

9) Não o fez. Temos então, uma situação inusitada. O Cruzeiro tira o jogador do Vasco para coloca-lo na vitrine e tentar vende-lo. O jogador, que nunca atuou bem no Cruzeiro, volta a jogar mal. O Cruzeiro traz Abila e Sobis e Riascos fica escondido. Escondido, como vende-lo?

10) E agora, tudo mudou novamente. O Vasco, que contratou Ederson  e Junior Dutra, mudou de ideia e só aceita Riascos se o Cruzeiro, como até maio, aceite pagar metade do salário. Será que Riascos aceita abrir mão de parte do que ganha? Ou o triângulo está montado novamente: o Cruzeiro, tal como marido traído, tem de pagar a sua felicidade com o novo amor?

É toda uma situação surreal. O jogador quer ser feliz, mas não quer gastar para comprar sua felicidade. É o reflexo do que se tornou o futebol brasileiro, em que os empresários consideram os clubes apenas e tão somente um albergue temporário para seus jogadores, que são coniventes com o caso. Assina o contrato, depois fica magoado com a reserva e força a saída. Coisa recorrente. O interesse financeiro do jogador está sempre acima do clube. Mesmo quando o jogador fala da impossibilidade de viver sua paixão no clube que ama. Riascos queria o Vasco, até que o empresário lhe arrumasse um lugar mais rentável para exercer suas funções trabalhistas.

Qual o final da novela?

Riascos será feliz no Vasco, recebendo dinheiro do Cruzeiro?
Riascos será infeliz no Cruzeiro, recebendo dinheiro do Cruzeiro?
Feliz ou infeliz? De uma jeito ou de outro, com R$ 250 mil mensais na conta.

Tristeza assim, muita gente queria.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.