A culpa também é sua, Galvão
À frente do microfone do mais poderoso veículo de comunicação, Galvão Bueno praticou novamente seu esporte. Ele adora criar mitos.
Adora destruir mitos. O que ele fala, se torna lei. Dunga, que nem deveria ter chegado, saiu imediatamente após Galvão exigir. Tudo o que fala, vira lei e verdade. Bem, nem tudo. Ninguém acreditou quando Galvão disse que Michel Temer foi aplaudido na abertura.
A bola da vez é Neymar. Galvão, após o segundo empate na Olimpíada, resolveu colocar praticamente toda a culpa no jogador. É verdade que Neymar não tem capacidade ética e maturidade para ser capitão da seleção brasileira, mas as críticas tem a ver, também, com o fato de ele se recusar a dar entrevista após o vexame contra o Iraque.
Galvão ficou louco. Ora, deixemos de mimimi.
1) Nenhum cidadão brasileiro é obrigado a dar entrevista.
2) Ao não dar entrevista em uma hora difícil, Neymar apenas mostrou que é um garoto mimado, sem poder de liderança.
Mas não falar com o Globo – porque se Neymar falasse só com a Globo, Galvão não seria solidário a ninguém – é um pecado. Ela é dona do evento. É dona da Olimpíada.
Galvão teria coragem de usar a RGGT e dizer que Neymar é apenas o elo mais bobinho de toda a engrenagem? É capaz de deixar claro que a CBF está sob comando de, como dizer, gente que professa a fé na premissa de que é preciso levar vantagem em tudo, gente que recita "meu pirão primeiro", gente envolta em tenebrosas transações?
Galvão é capaz de falar claramente que João Havelange, Ricardo Teixeira, Zé das Medalahs e Marco Polo, o galã, são os responsáveis pelo momento atual do futebol brasileiro. Que estão matando a galinha dos ovos de ouro há décadas e décadas?
Não pode, né? Ou, melhor, pode. Não tem coragem. A RGGT é parceira dessa gente desde o início. Escolhe fórmulas de campeonato, desmembra tabela para impulsionar audiência de Galvão, implodiu com o Clube dos 13. Os clubes também são pessimamente dirigidos, são eles que mantém as federações e a CBF. Mas tinham uma entidade que poderia ser melhorada. Enfrentou a Globo? Finito.
Galvão, olhe para o seu lado e veja um dos responsáveis pela formação do caráter frágil de Neymar. É Ronaldo, seu agente. Seu comentarista, Galvão. Ele é fruto também do seu estilo de narrar. Todo brasileiro é bom, todo argentino deve ser vaiado, "Denílson neles", se o brasileiro está driblando e "ele está de gracinha", se o brasileiro é driblado. Neymar, Robinho, Ronaldo…Toda essa gente você criou e bajulou. E agora atira pedras.
E, para criticar Neymar – realmente um garoto deslumbrado que não tem a dimensão do que significa a seleção brasileira – Galvão recorreu à Marta.
É fácil usar o senso comum. Tira o Neymar e coloca a Marta. Ora, Galvão, se você gosta tanto assim da Marta, peça para a CBF organizar um calendário para elas. No mínimo, um Brasileiro. Pressione a RGGT para entrar na parada. Narre a abertura. Marta vai parar um dia e quando ela parar ainda não teremos mulheres jogando no Brasil.
Use sua força para ajuda-las, Galvão, em vez de usa-las para aumentar sua força na crítica a Neymar.
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