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Menon

Mauro Cezar e o novo patamar

Menon

08/11/2016 09h21

Eu admiro o Mauro Cezar. É um dos jornalistas que eu gosto de ouvir. Acho que esta é uma das qualidades de um comentarista de futebol: ter curiosidade em saber o que ele vai falar. Mesmo que não concorde com o que ele fale. Quanto a mim, concordo com muita coisa que ele fala. A maioria. Não é tudo, porque tudo nem o Zé Trajano, que eu tenho como espelho. E nem os meus amigos chegados Maurício Noriega, Luiz Ademar e Antero Greco.

Há algum tempo – pelo menos para mim, não sei se é de sempre – o Mauro tem proposto um novo patamar no futebol brasileiro. Não quer discutir a árvore e sim a floresta. Não se limita a dizer se a vitória foi justa, se o título é justo. Ele discute se o nível do futebol brasileiro é bom. É uma discussão espetacular. Uma contribuição enorme.

Essa fuga do ramerrão, do debate raso deixa os torcedores do Palmeiras – esse ano – tiriricas com o Mauro. Mas, pensem bem, como seria o debate se ele não passasse do primado inicial. E qual é? O Palmeiras é campeão. Legítimo campeão. Justo campeão. Ponto pacífico. Todos estão de acordo. E se o Santos vencer, também estaremos. Não houve nada que desabonasse o título. Nada. Pronto, acabou. O programa. O debate.

E o futebol que se joga aqui, não entra na discussão?

Não falamos de nossos campos horríveis, de nossos árbitros que mais parecem PMs ensandecidos, de treinadores que não se atualizam? Tudo isso fica para trás? É a discussão que Mauro Cezar propõe. Com aquela brava dele.

O fato de apoia-lo na escolha por um patamar mais alto de discussão, não significa que eu concorde em tudo com a sua análise. Eu acho que o Palmeiras teve grandes momentos no Brasileiro. Fez partidas excelentes. Uma delas, em um momento crucial: quando o Flamengo diminuiu a vantagem para um ponto, o Palmeiras foi a Itaquera e venceu, como ótimo futebol, o seu grande rival. Houve outros momentos. Houve a evolução de Moisés, que nunca jogou bola como no Palmeiras, a superação de Jaílson e o aparecimento de Gabriel Jesus, estrela cintilante.

Poderia jogar mais, o Palmeiras. Cuca é, em minha opinião, o melhor técnico do Brasil e por isso mesmo é imperdoável  essa queda do time na fase final do campeonato. A postura contra o Santos foi péssima, jogou para empatar.

Enfim, há muitas nuances. O que não há é motivo para tanto ódio dos torcedores contra um jornalista competente e honesto. Mas, se Gabriel Jesus passou a ser chamado de traste, de vendido, de moleque mal agradecido, como podemos esperar comedimento na análise (????) das milícias virtuais.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.