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Troféu Penico de Ouro - Primeira Parte

Menon

14/12/2016 05h00

Criei o Penico de Ouro para lembrar de pessoas que fazem de tudo para jogar o esporte brasileiro na lama. O prêmio vai ser anual. Como penico4não tenho dinheiro para um troféu físico e como não tenho talento para criar um troféu virtual, ilustrei ao acaso. O melhor pinico é de Zé Caboclo, mestre do artesanato brasileiro. Há também penicos vitorianos, ingleses e de plástico. Tem um do século passado para receber muitas mesóclises.

Os prêmios são para pessoas e não para entidades. As entidades continuam, apesar de serem dirigidas eventualmente por peniqueiros de marca maior. Diante de tanta coisa horrível no nosso esporte, fico aliviado de não haver premiado ninguém que tenha fraudado resultados, que tenha entregue jogos. Não conheço nenhum caso. Talvez eu seja bobinho.

A tragédia da Chapecoense, a maior da história do futebol brasileiro, é o motivo de muitos penicos. As famílias de atletas e de jornalistas que correram até a Colômbia não tiveram a ajuda do presidente da CBF a lhes dar conforto. Os órgãos de classe dos jogadores não se manifestaram a respeito de nada. E não há uma atitude que transcenda às lágrimas honestas que derramaram. No capítulo de amanhã, teremos outra figura que conseguiu seu penico um pouco graças à sua atuação neste caso.

Não falamos só de futebol. O basquete, meu segundo esporte favorito, está presente com a participação (ou a falta de) de seu presidente, um homem que se tivesse sido designado por estrangeiros para jogar o basquete do Brasil no buraco, não teria conseguido resultados tão bons como os que apresentou. E nossos atletas também se calaram. Só gritam na hora de um gol ou de uma cesta. A lista de hoje termina com dois mentirosos, dois seres humanos sem postura alguma. Um deles, levou um grande clube a um estado quase falimentar. O outro, quase termina com a grande conquista de um país.

Amanhã tem mais.

penico51) MARCO POLO DEL NERO – Nosso galã-presidente não foi até a Colômbia ajudar os parentes de brasileiros mortos no acidente da Chapecoense. Também não viajou para os Estados Unidos, onde o Brasil disputou a Copa América. É um presidente que não pode sair do Brasil, um homem à altura do cargo que ocupa, um representante fiel da estirpe que em João Havelange, Ricardo Teixeira e José Maria Marin como antecessores. Rápido nas decisões, após a maior derrota do futebol brasileiro, trocou Felipão por Dunga. E viu (de longe) o Brasil ser eliminado na primeira fase da Copa América Centenário. Sua presença no poder tem apenas um lado bom: mostrar a todos, de todos os quadrantes do mundo como o glorioso futebol brasileiro é tratado por seus dirigentes. O seu penico é este, bem antigo. Não é possível levar para viagem, mas Marco Polo é um homem caseiro. Não sai de nossa Pátria Amada, não pega um avião, um navio, um metrô. Fica entronizado na CBF.

2) CARLOS NUNES – O presidente da CBB assumiu em lugar de Grego, prometendo renovação no basquete brasileiro. O que conseguiu penico10foi levar um esporte que tem dois títulos mundiais e três medalhas de bronze olímpicas ao subsolo do poço sem fim. O Brasil não conseguiu vaga para o Mundial? Carlinhos compra. E não paga. A Fiba ameaça tirar o Brasil da Olimpíada, a sua Olimpíada. Carlinhos faz acordo. Não cumpre o acordo. Não envia seleções de base a competições sul-americanas e ameaça o desenvolvimento de toda uma geração: quem não vai no sul-americano não classifica para a Copa América, quem não disputa a Copa América não vai para o Mundial. Dá para perceber o efeito contínuo do que fez Carlos Nunes. E, por fim a intervenção da Fiba. Quem sofre? Clubes e atletas brasileiros impossibilitados de disputar competições fora do país. Carlos Nunes deve odiar basquete. Como não acerta a cesta, precisa fazer xixi sentado.

3) ATLETAS E TREINADORES DO BRASIL – O silêncio destes personagens é abjeto. Dói muito perceber que as grandes estrelas do nosso esporte se calam sobre tudo. Sempre. Ninguém se pronunciou sobre as consequências da tragédia da Chapecoense. O campeonato deve ser adiado? Deve terminar? Deveria haver WO. Como arrecadar dinheiro para as famílias dos companheiros mortos? Camilo, do Botafogo, gastou R$ 11 mil para ajudar parentes das vítimas a se deslocarem até Chapecó. Mas é uma atitude individual. Não é algo de classe, não é a posição do sindicato, da associação de treinadores, lançada com pompa há alguns anos. Dorival Jr. é uma honrosa e valorosa exceção. Os jogadores de basquete não emitiram um som a respeito da quase falência de seu esporte, de seu ganha-pão. Todos calados, todos sonsos, todos cordeiros.

penico6l4) CARLOS MIGUEL AIDAR – O São Paulo teve um ano péssimo. Foi o pior entre os cinco paulistas que participaram do Brasileiro. Perdeu para o The Strongest, no Pacaembu. Rondou o rebaixamento. Uma situação que tem início na desastrosa gestão de Carlos Miguel Aidar, que tratou uma entidade privada como se fosse uma privada. A cleptocracia foi instalada no clube, com comissões e mais comissões em todas as transações. Sua mulher participava de tudo. Não sou quem diz. É o próprio Aidar em conversa gravada por Ataíde Gil Guerreiro e que terminou com a sua renúncia. Além disso, Carlos Miguel disparou preconceito e xenofobia em suas entrevistas. Comparou os dirigentes do Napoli com a Máfia Italiana, disse que adora jogadores com todos os dentes na boca e ofendeu os são-paulinos de Itaquera, a quem chamou de outro mundo. Não chegou a 2016, mas sua obra ainda faz efeito. Seu trof.éu é um penico de porcelana inglesa. Tem a pompa que Carlos Miguel gostaria de ter.

5) RYAN LOCHTE – O nadador que venceu Michael Phelps foi derrotado por uma câmara de um posto de gasolina. Ela o flagrou no Penicoteveohorário em que jurava ter sido assaltado em uma favela carioca. Disse que foi o único corajoso a não se acovardar diante da arma de um bandido. Na verdade, o valentão mentiu porque tinha medo da mulher. Que a mulher descobrisse que estava em uma balada. Sua mentira foi tratada como uma vergonha por seus compatriotas. Perdeu muitos contratos de patrocínio. Brasileiros, que acreditavam na história, passaram a ofende-lo. Se a sua mentira não fosse pega, o sucesso da Olimpíada no Brasil teria sido chamuscado. Seu penico leva uma inscrição na base: "te vejo", em espanhol.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.