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Menon

Chape está melhor do que se esperava

Menon

24/12/2016 13h57

Com todo o sofrimento causado e que não terminará nunca, respeitando toda a dor de Chapecó, eu não consigo deixar de ver incoerência no fato de a diretoria reclamar do nível dos jogadores oferecidos por outros clubes dispensar o zagueiro Rafael Lima e o goleiro Marcelo Boeck, que fazem parte do elenco. Para mim, a reconstrução começaria a partir dos jogadores que não viajaram. Se você dispensa algum, está aumentando o deficit técnico e humano causado pela Lamia.

Quase nada é perfeito. Na vida. E muito menos no futebol. Assumido esse parâmetro, vejo como bom o apoio que os clubes brasileiros estão dando à Chapecoense. Esperar muito mais do que estão fazendo, é acreditar que a solidariedade deva estar acima da racionalidade. É dar o que não se tem. Como São Francisco de Assis e não como um grupo de associações endividadas.

O primeiro ato de solidariedade foi fundamental. Pediram à CBF que a Chape fique três anos longe da possibilidade de rebaixamento. Um período bom para que o clube consiga sua reconstrução. Nada mais justo.

Garantido um tempo para a reconstrução, chegou a hora de cumprir a promessa da cessão de jogadores. E aí é que a discussão começa. O nível dos jogadores oferecidos é questionado. Mas o que se esperava? Eu apostava em dois tipos de jogadores: juniores sem lugar no elenco profissional e terceiras opções. João Pedro, do Palmeiras, Daniel e Reinaldo, do São Paulo. São os nomes que estão sendo falados. Nada que me surpreenda. São jogadores que poderiam atuar no elenco que desapareceu com a tragédia.

Nada de errado em o Grêmio recusar algumas sondagens. São jogadores que cabem no elenco gaúcho. O processo de reconstrução é lento e demorado. Não será feito despindo-se um santo para vestir outro.

O que me preocupa mais é o apoio às famílias desamparadas. Como eles ficarão? Um pouco melhor com atitudes como a do São Paulo, que conseguiu 148 mil em um leilão de camisas e repassou o dinheiro a um fundo para ajuda aos que ficaram desamparados com as mortes na Colômbia.

A Chape precisa menos que os parentes dos mortos. O clube recebeu convite para um torneio na Catalunha, vai participar da Libertadores, vai disputar a Recopa, a Copa Suruga e outras atividades. Terá um bom retorno financeiro. Esperemos por ajuda mais concreta da CBF  tanto para o clube como para os jogadores.

Mesmo com problemas, os clubes brasileiros deram uma boa resposta. Com erros, é lógico, afinal ninguém é perfeito.Oferecer jogador de baixo nível e encostados com salário alto é oportunismo. Sem dúvida. No mais, é o que se pode fazer. Não vejo nenhuma estranheza. O que me surpreendeu, repito, foi ver que a Chapecoense está em condição de dispensar jogadores. Pensei que a situação estivesse muito pior. E que tudo melhore muito mais. Chapecó e o Brasil merecem.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.