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Nenê e a hipocrisia religiosa, Índio e a falta de caráter

Menon

28/03/2017 05h04

Não defendo que Nenê tenha um comportamento de cardeal em dia de conclave que elege Papa. Não exijo que se comporte como uma freira virgem (será pleonasmo?), não espero que seja um adepto desse tal fairplay imposto por uma entidade corrupta. Nada disso. Ele chutou a bola em Renê, tentando ganhar um pênalti. Acertou no torso. Pediu o pênalti, de maneira acintosa. Foi malandro, como todos seriam. Preparou o bote, faz a falseta e não desistiria na última hora.

O que eu não acho correto é levar a pantomina até o limite do ridículo. Ora, se o cara tentou induzir o adversário ao pênalti, se tentou enganar o juiz, se manteve a malandragem – e ele sabe que fez tudo isso – qual o sentido de, após marcar o pênalti, agradecer a Deus? Coloca o seu Deus, em quem acredita piamente, como seu cúmplice? Deus é conivente com a mentira que armou e praticou?

Esse tipo de hipocrisia religiosa me dá todo o direito de duvidar da fé desses atletas que não conseguem falar três palavras sem usar o Seu santo nome em vão. São jogadores fanatizados que me dão a impressão de estar a serviço da fé e não da camisa que vestem. São santos do pau oco, são hipócritas ao extremo. Santo do pau oco é uma expressão antiga, explicada na ilustração do post, que foi retirada da Enciclopédia Ilustrada do período da mineração do Brasil colonial. AQUI

E o árbitro? O tal Índio, além de mostrar que não entende de apito, mostrou total falta de responsabilidade e de caráter, ao fingir uma agressão de Luís Fabiano. Fosse um ser humano decente, ficaria no lugar e daria o vermelho pelo fato de o jogador haver encostado a barriga nele. Não fingiria como fingiu, não seria chacota mundial como virou. E não afundaria ainda mais o nosso futebol.

FRANCISCO ARCE, TREINADOR DO PARAGUAI, foi um jogador de muito sucesso no Palmeiras, que defendeu de 1998 a 2002. Veio pelas mãos de Scolari, que o dirigiu no Grêmio, de 1995 a 1997. Era um lateral direito muito rápido e com uma precisão

Arce, com a camisa paraguaia. Museu Virtual do Futebol

incrível nos cruzamentos. Um dia, meu editor no Jornal da Tarde mandou que o entrevistasse. Consegui um tempo só com ele, uma exclusiva.  Foi uma entrevista bacana, falou muitas coisas interessantes. Só não falou o que o editor queria que ele falasse. A ideia era dizer que ele havia se adaptado ao Brasil e que se sentia como brasileiro. Se houvesse um jogo entre Brasil e Paraguai, ele ficaria em dúvida. E que era palmeirense, como o editor.

Adaptação? Mais ou menos, eu tomo tereré (mate frio) todos os dias, escuto música paraguaia e leio notícias de lá.

Indecisão na hora de torcer? Amigo, eu sou paraguaio, amo meu país e vou ter indecisão? Não gostei da pergunta.

Torcer para o Palmeiras? Sim, hoje eu torço, mas o meu time de coração é o Cerro Porteño.

Irritado com o fato de Arce não dizer o que ele queria que fosse dito, com a ousadia de desafiar o título que ele havia imaginado, o editor começou a me dar bronca. Depois, disse que não publicaria a matéria porque faltava gancho. No dia seguinte, não tocou no assunto, ao ver que a matéria havia tido boa repercussão e ganho elogios de seus superiores.

RENOVAÇÃO DO CONTRATO DE RODRIGO CAIO foi um belo gol da diretoria do São Paulo. Ele tem 23 anos, 212 jogos pelo clube e há uma pequena possibilidade de que ele consiga ir ao Mundial. Com o vínculo até 2021, o São Paulo pode conseguir uma grande valorização em futura venda. Sem contar que é o melhor zagueiro do clube que não cansa de sofrer gol.

QUEM VÊ A ARGENTINA jogando como está jogando, quem se lembra do São Paulo do ano passado, tem o direito de desconfiar de currículos, mesmo que recheados com títulos importantes. Edgardo Bauza é um treinador engessado a conceitos e esquemas. E eles não são agradáveis de se ver.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.