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"Mundo ESPN" e Roberto Andrade: viralatismo na veia

Menon

04/04/2017 15h06

Bertoni caricatura Nelson Rodrigues

Bem, comecemos com uma explicação. Olha lá no título. Está escrito "Mundo ESPN" entre aspas. Não está escrito ESPN. Não estou falando da TV ESPN. Estou escrevendo sobre "Mundo ESPN" que eu nem sei o que é.

Eles soltaram um tweet dando parabéns a Khedira. Meigo, não é? Cumprimentar um jogador que não está entre os 2oo melhores da história do futebol. Que talvez esteja entre os 100 melhores da atualidade. E ainda com a arroba @samikhedira. Estão torcendo os dedos por uma resposta amigável do alemão para seus fãs dos trópicos.

A gentil lembrança vem em forma de rima: Tabelei em você/nesta data Khedira/Muitas tabeladas/ E 7 x 1 todo dia. O segundo verso entrará na história como exemplo de pensamento subliminar. Lindo, trocar querida por Khedira. James Joyce aprovaria.

Como eu disse, Mundo ESPN não é ESPN, mas a imagem arranhada é a da televisão. Fica a impressão – os comentários no tweet mostram isso – é que o redator gostou do 7 x 1, torce para a Alemanha, ou o que é difícil de acreditar, é fã de Khedira, o esquecível. Não pode ser isso. Seria muito viralatismo.

Evidentemente o 7 x 1 precisa ser lembrado, merece ser lembrado e analisado. A CBF demorou dois anos para reagir. A tv ESPN trata o assunto com maestria. Com críticas ácidas e honestas, mas sem bajular Khedira e sem humilhar o futebol brasileiro. Ele, o maior de todos os tempos, merece respeito. Não sei se tem Mundo ESPN na Alemanha. Se tiver, eles respeitarão o futebol brasileiro mais do que o redator apaixonado pelo futebol do Khedira.

O viralatismo vem também de Itaquera. Roberto Andrade ligou para Maurício Galiotte e perguntou se ele tem interesse em Valdivia, do Inter. A comparação pode ser machista – nada do tipo Zé Mayer – mas eu a faço. Imagine que você está interessado em uma garota. Vai perguntar para um rival se ele também está? É muita humilhação.

Galiotte respondeu que sim. O que teria dito Roberto Andrade? Sacanagem, eu vi primeiro. Po, não faz isso comigo, eu preciso mais do que você? Ou teria uma reação mais virulenta?

Seja qual for, não deixa Valdívia mais perto do Corinthians. Não é boa para o negócio. E nem para a torcida, que tem de aguentar a zoação dos palmeirenses que, extasiados, já sonham com um novo chapéu tirado da cartola do ídolo Alexander Mattos. Sim, amigos, no futebol de hoje, tem diretor de futebol que vira ídolo.

Não vejo nada de errado no que fez o Palmeiras. O que rege o futebol é o capitalismo. Todo mundo tem o direito de atravessar todo mundo. O Palmeiras tem muito dinheiro e pode gastar muito, quem sou eu para analisar a gastança alheia. Papelão mesmo foi o de Roberto Andrade, explicitando o papel de primo pobre que resta aos outros grandes diante do Palmeiras.

ABEL NETO É UM GRANDE JORNALISTA E um grande amigo. Trabalhamos juntos no Lance!. Seu depoimento no Bem, Amigos sobre

racismo é terrível. Mostra como o Brasil é um país medieval, como tantos outros por aí. Um gandula do Palmeiras ameaçou a repórter Ana Thais Matos, da Rádio Globo. O que serve de consolo é que o mundo caminha para a frente, devagar e sempre. Os que não acompanham, ficam para

PV Rio de Janeiro (RJ) 28/02/2014 Wilson Baptista por Loredano Foto Divulgação

trás. São uma mancha na história.

MAURÍCIO NORIEGA COM O "MORUMLINS" E LÉDIO CARMONA foram exemplares em criticar os ridículos regulamentos dos

campeonatos estaduais de São Paulo e Rio. São indefensáveis, mas sempre é bom alguém de peso endossar as críticas.

CHAPECOENSE CONTINUA SENDO O TIME querido por todos. Mas está na hora de uma explicação sobre como estão sendo tratados as famílias das vítimas do acidente aéreo. Já há processos de mulheres de jogadores e de parentes de Caio Jr. Uma nota oficial iria bem.

SÃO PAULO E CORINTHIANS DEVEM OPTAR POR UM CAMPEONATO? ACHO muito cedo para isso. Os resultados é que definirão o futuro. O jogo pela Sul-americana não vai atrapalhar o Paulista e a Copa do Brasil. A volta é apenas em maio, então dá para jogar com time completo, principalmente porque a parada contra Linense e Botafogo parece decidida. Depois, é time completo contra Inter e Cruzeiro. Só então, em caso de uma catástrofe, é que se pode pensar em time reserva na segunda partida.

QUATRO SAMBAS E UMA POLEMICA – WILSON BATISTA  E NOEL ROSA brilharam nos anos 30 com seus sambas. Wilson,

de origem pobre e Noel, de classe média travaram um duelo musical. Começou quando Wilson, um cultor do mito da malandragem, compôs Lenço no Pescoço: Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/Navalha no bolso/Eu passo gingando/Provoco e desafio/Eu tenho orgulho/Em ser tão vadio. Noel Rosa respondeu com Rapaz Folgado, criticando o "malandrismo": Deixa de arrastar o teu tamanco/Pois tamanco nunca foi sandália/E tira do pescoço o lenço branco/Compra sapato e gravata/Joga fora esta navalha que te atrapalha. Batista reagiu ironizou a origem de Noel, nascido na Vila Isabel, com Mocinho da VilaVocê que é mocinho da Vila/Fala muito em violão, barracão e outros fricotes mais/Se não quiser perder o nome/Cuide do seu microfone e deixe/Quem é malandro em paz. Noel veio então com o samba que permanece até hoje como um dos grandes da historia, Palpite Infeliz: Quem é você que não sabe o que diz?/Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!/Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,/Oswaldo Cruz e Matriz/Que sempre souberam muito bem/Que a Vila não quer abafar ninguém,/Só quer mostrar que faz samba também

A BRIGA CONTINUOU com Wilson Batista batendo abaixo da cintura, com Frankestein da Vila e Noel respondendo com o maravilhoso Feitiço da Vila. Depois, fizeram as pazes e compuseram um samba para Ceci, uma bailarina quem ambos desejavam. Deixa de ser convencida: Deixa de ser convencida/Todos sabem qual é/Teu velho modo de vida/És uma perfeita artista, eu sei bem/Também fui do trapézio,/Até salto mortal/No arame eu já dei.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.