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Eduardo Baptista não foi homem pra c.....

Menon

27/04/2017 12h34

O desabafo de Eduardo Baptista conquistou corações e mentes palmeirenses. Após uma vitória dificílima, que poderia ter sido muito mais fácil se ele não houvesse cometido erros terríveis na escalação, escolheu a imprensa como inimiga. Criou, assim, um elo com a parcela da torcida que acredita piamente em uma conspiração dos jornalistas contra o Palmeiras. Ora, é um elo frágil, pronto a ser rompido no próximo empate ou na próxima vitória sem brilho. Que dirá na próxima derrota!

Dizer que sou maleável é ofender o homem. E eu sou homem pra caralho, bradou Eduardo. Não é. É um homem comum, que explode diante de pressões. Como todos nós. Em 1994,  em um aeroporto dos EUA, eu tive um comportamento parecido com Vital Battaglia, meu chefe em A Gazeta Esportiva. Reagi ao que eu considerava uma perseguição que vinha de meses. Eduardo fez o mesmo. Mas, quem o perseguia? Juca Kfouri ou parte da própria torcida palmeirense. De onde vem a pressão? Quem o pressionou, quando perdeu do Corinthians, tendo um homem a mais? O Juca ou a torcida? Juca sempre defendeu seu trabalho.

Se todo aquele nervosismo vinha por uma coluna do Juca, o que "um homem pra caralho" deveria fazer? Pedir o telefone do jornalista e dizer tudo aquilo que foi dito pela televisão. Se fosse um encontro cara a cara, melhor ainda. Depois, sei lá, podia até repetir na televisão: "o que eu estou falando aqui, já falei na cara dele". Ah, e dizer quem é ele. Baptista nem citou o nome do Juca. Por que?

Depois, ele fez duas críticas ao jornalismo:

Parece revista de fofocaÉ uma crítica válida, está analisando o caminho que o jornalismo esportivo está trilhando. Vamos falar só de futebol, só de tática? Vamos. E os torcedores iriam dar audiência? Ou bocejariam? Estaria proibida matéria também falando bem de jogador? O ovo de Páscoa doado às crianças carentes? Sem por a mão no bolso, pois o ovo é doação e com assessoria de imprensa avisando as televisões? Sem matérias importantes como a que o amigo Diego Bike Salgado

fez, mostrando a amizade entre os paraguaios Romero e Balbuena? Nada disso pode? Não vamos falar da relação de Eduardo Baptista com seu pai, Nelsinho Baptista? Opa, foi ele que citou o pai na entrevista. E aquelas matérias tipo papo de boleiro, que todo jogador adora? No más? O futebol é um mundo que vai além das quatro linhas, que vai além das táticas. E o jornalismo tem de tratar disso tudo. Tratava muito mais. Hoje, faz menos, porque os clubes impedem. Através de outros jornalistas, que trabalham vestindo uniforme do clube. Nunca faria isso e não é apenas – podem acreditar – porque não existe niforme com meu número. Ah, mas isso não é fofoca…Entendi, fofoca é quando se faz uma matéria fora da tática e que coloca em dúvida alguma qualidade do treinador? Isso não pode. Sem investigação – o que ele chama de fofoca – não existe jornalismo. Tem um monte de gente explicando a vitória do Palmeiras com números e frações, como se o que houve depois do jogo não fosse importante. Importante, pela cafajestice uruguaia. E, se isso não é importante, porque a torcida verde comemora muito mais o murro de Felipe Melo em Mier, comemora muito mais o modo como Felipe Melo encarou a briga, cumpriu a sua promessa do que o show de bola do Palmeiras no segundo tempo?

O sigilo da fonte – Não é uma crítica válida. Uma imprensa pode ser ruim, mas se não houver sigilo da fonte, não há imprensa. E em uma democracia, é muito melhor uma imprensa ruim do que a falta de imprensa. E em um país sem imprensa, sem sigilo da fonte, há um pântano para o nascimento de gente escrota dizendo que é homem para caralho. Não estou falando de Eduardo Baptista, que apenas desabafou diante do clamor da torcida e diante de uma matéria que considerou errada e ofensiva. Falo daqueles que diziam prendo e arrebento, daqueles que diziam preferir o cheiro do cavalo ao cheiro do povo, dos outros que dizem que uma mulher não merece ser estuprada porque é feia…..  Para terminar, quero dizer que muito do que escrevi aqui, foi após ler textos do Marcelo do Ó, brilhante narrador da Rádio Globo.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.