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Marcelo, o grande pecado de Dunga

Menon

02/05/2017 18h00

Cristiano marcou três vezes (hat trick, aqui não) e praticamente levou o Real a mais uma final de Liga de Campeões (Champions League, aqui não) e foi, é lógico o grande nome do jogo. Bate recordes e recordes. Mas, falemos de Marcelo?

O passe de Marcelo para Benzema no segundo gol foi maravilhoso. Pura técnica. De longe, em diagonal, fez a bola chegar tranquilamente aos pés do francês, que logo serviu Cristiano. O passe de Marcelo parecia sinuca. O pé esquerdo era um taco.

Já se discute quem foi melhor no Real, Marcelo ou Roberto Carlos? Cada um jogou 11 anos lá (Marcelo vai jogar mais) e os números são favoráveis a Roberto Carlos. Foram 584 jogos e 71 gols contra 406 partidas e 30 gols. Na seleção, RC também tem números a seu favor. São 125 jogos e 11 gols, contra 47 jogos e cinco gols. E um título mundial, é lógico.

O que não se discute, acredito, é que Marcelo seja o sucessor de Roberto Carlos. Desde que ele se aposentou, o Real e a seleção não tiveram alguém tão bom, um jogador capaz de fazer com que a saudade de RC diminua.

Marcelo é mais técnico, tem mais passe, cruza melhor. Roberto Carlos tinha um chute que era um coice, tinha força e velocidade. Marcelo é do tipo que pode terminar a carreira com a camisa dez, dando qualidade ao meio campo, ali pela esquerda. Roberto, não.

O que não dá para entender é Dunga não ter utilizado Marcelo com a constância que ele merecia. Em 2008, na Olimpíada de Pequim, Dunga não gostou do comportamento de Marcelo, a quem viu como mascarado, mesmo ele tendo sido um dos destaques do time que ficou com o bronze, após ser eliminado pela Argentina de Messi e de Tevez. Em 2010, Dunga não levou Marcelo para a Copa, preferindo Michel Bastos e Gilberto.

Quando substituiu Felipão, teve novo atrito com Marcelo. Em entrevista ao trepidante Danilo Lavieri, explicou o motivo. "Ele ficou dois jogos fora (no Real), voltou a treinar na quinta (que era dia da convocação) aqui, não comunicou ao doutor se estava bem, o doutor não me comunicou". Dunga sentiu-se traído. Pode até ter razão, mas não procurou a aproximação, não buscou um reencontro. Dunga não faz isso, ele está atento sempre ao comando. Não é de diálogo.

Marcelo é um dos destaques da seleção de Tite, que é muito mais maleável e sabe conduzir um grupo. Também não dá para culpar Dunga, talvez Marcelo não quisesse atuar sob seu comando. Algo que nunca assumiu. A verdade é que o Brasil, Dunga e Marcelo se prejudicaram. Principalmente Dunga, que ficou fora da relação a três.

E, sob o comando do craque Zidane e do esforçadinho Tite (estou falando dos tempos de jogador, Marcelo caminha para se manter por um bom tempo como o melhor lateral esquerdo do Planeta.

E para os que tem aquela bronca com a Argentina, abre-se um sorriso enorme quando se lembra que eles tem Marcos Rojo como titular indiscutível.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.