Topo

Menon

Eduardo Baptista, os Sete Magníficos e o Chinelinhozinho

Menon

05/05/2017 11h53

Eduardo Baptista foi o primeiro dos Sete Magníficos a cair. Falo de sete treinadores jovens e estudiosos – cada um com seu estilo – que assumiram grandes clubes brasileiros em 2017 e que trouxeram um ar de renovação a um meio viciado, sempre com as mesmas opções. Algumas delas, defasadas e encarando a profissão de modo blasé, como se já soubesse tudo e não percebesse que o passado, mesmo glorioso, pode ser uma roupa velha que não nos serve mais.

A necessidade de renovação era tão grande que veio acompanhada de uma dose de condescendência com a maioria e com implicância com Fabio Carille, justamente por não pregar o "modernismo", por adotar a segura cartilha titeana e tratar logo de arrumar a defesa corintiana. Carille será campeão. Tem todos os méritos.

A demissão de Eduardo Baptista é justa? A meu ver, a análise não pode passar por um dogma que tomou conta do meio futebolístico: é errado mandar treinador embora. Eu não acho errado, independentemente do currículo e do que o cara já fez pelo clube. Lembram como o Cruzeiro foi criticado por demitir Marcelo Oliveira, bicampeão pelo clube? Hoje, a grande maioria que achou aquilo um erro, não gostaria de ver Marcelo em seu time.

Eu não levaria em conta o passado. E o futuro teria mais peso do que o presente. O time está ruim? Mas há perspectiva de melhora? O treinador ainda tem carta na manga? Há algum bom jogador voltando de contusão? Há possibilidade concreta de reação?

Então, baseado nesses fatores, eu concordo com a demissão do Baptista. Acredito que, com ele no comando, o Palmeiras poderia a qualquer momento, repetir aquela partida vergonhosa contra a Ponte. Principalmente pelo segundo tempo. Sim, porque é possível dizer que o primeiro tempo foi uma surpresa diante de uma Ponte avassaladora, mas e o segundo? Nada foi feito. O Palmeiras trocou passes como se estivesse perdendo por 1 a 0 e fosse se classificar facilmente no segundo tempo.

E houve outros jogos ruins, como a derrota para o Corinthians. As vitórias na bacia das almas na Libertadores. Houve, é lógico, aquela maravilhoso segundo tempo contra o Peñarol, mas o time havia sido muito mal escalado.

A pressão era grande e Baptista não soube conviver com ela. O desabafo (leia aqui) foi a prova disso. O treinador se ofendeu por ser chamado de maleável, mas, candidamente, semanas antes havia dito que, no Fluminense, havia sido obrigado a escalar Ronaldinho Gaúcho.

Foi o segundo fracasso de Eduardo Baptista em time grande. Não é tão magnífico assim.

E os outros cinco, como estão?

Rogério Ceni – Eliminado no Paulista e na Copa do Brasil, deu mostras de estar conseguindo um equilíbrio maior no time, abrindo mão do esquema com dois pontas espetados.

Jair Ventura – De todos, é o que tem o elenco mais frágil e o que tem conseguido resultados surpreendentes.

Zé Ricardo – Está perto de ganhar o primeiro título, mas precisa fazer o Flamengo vencer fora de casa na Libertadores.

Roger – Assim como Baptista, está em seu segundo grande time. Tem vantagem na decisão do Mineiro e caminha sem sustos na Libertadores.

Antonio Carlos Zago – Pode ser campeão gaúcho e dar o acesso ao Inter, mas está marcado por aquela palhaçada no jogo contra o Caxias. Ao fingir agressão e se deitar no chão, manchou sua biografia.

TEM POSTE MIJANDO EM CACHORRO – TENHO SAUDADES DO JORNALISMO Antigo, que nem vivi. Gostava dos apelidos que jogadores recebiam. Pelé, o Rei. Rivellino, a Patada Atômica. Gérson, Canhotinha de Ouro. Didi, o Príncipe Etíope. Leônidas, o Diamante Negro. E, principalmente, o melhor de todos: Ademir da Guia, o Divino. Roger ganhou o apelido de Chinelinho. Uma homenagem a comprometimento com que se dedicou à carreira. Também é conhecido por alcunhas como Roger Secco e Roger Galisteu. Aquele pênalti que errou contra o Figueirense, em 2005, não lhe valeu apelidos. Valeu ódio e ofensas.

Hoje, ele é jornalista. Direito dele, eu não sou a favor da obrigatoriedade de diploma para a minha profissão. E nem para muitas outras, como advocacia e construção civil, por exemplo. E ele criticou Juca Kfouri. Também é direito dele. Todo mundo pode criticar todo mundo. A profissão se engrandece com discussões sobre seu presente e seu futuro. Mas, ao dizer que Juca Kfouri "não é jornalista", ele se submete à comparação. Quem é jornalista, Juca ou Roger? Um modo de se decidir, sem olhar para o que cada um já fez na profissão, é só pensar quem se daria melhor apresentando o Vídeo Show. Com certeza, Roger, Flavio Canto e Tande seriam muito melhores que Juca. Eu considero a distância jornalística entre Juca e Roger infinitamente maior que a distância futebolística entre Roger e Juca.

MARTINHO DA VILA É UM COMPOSITOR genial. Seu ritmo lento esconde pérolas. É um chinelinho do bem.

Disritmia é o meu samba favorito.

O traço é de Batistão, tão gênio quanto

Eu quero me esconder debaixo
Dessa sua saia prá fugir do mundo
Pretendo também me embrenhar
No emaranhado desses seus cabelos

Preciso transfundir seu sangue
Pro meu coração, que é tão vagabundo
Me deixa te trazer num dengo
Pra num cafuné fazer os meus apelos
Me deixa te trazer num dengo
Pra num cafuné fazer os meus apelos

Eu quero ser exorcizado
Pela água benta desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado
Mas pelas retinas desses olhos lindos

Me deixe hipnotizado pra acabar de vez
Com essa disritmia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia

Eu quero ser exorcizado
Pela água benta desse olhar infindo
Que bom é ser fotografado
Mas pelas retinas desses olhos lindos

Me deixe hipnotizado pra acabar de vez
Com essa disritmia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia
Vem logo, vem curar teu nego
Que chegou de porre lá da boemia

Aqueles versos em negrito, eu considero coisa de gênio. Que bom é ser fotografado/ Mas pela retina desses olhos lindos estão à altura de Fotografei você na minha Rolleiflex/ Revelou-se a sua enorme ingratidão, do Mestre Jobim.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.