Topo

Menon

Marco Polo, carrasco dos clubes brasileiros.

Menon

30/05/2017 14h19

A CBF resolveu afastar-se da RGGT, sua parceira univitelina nas últimas décadas, quando o assunto é transmissão de jogos da seleção. Uma relação tão forte que uma posição tomada por Galvão Bueno contra um treinador significou, quase sempre, fim de linha para o empregado da CBF. De Marco Polo, em último caso. Mas, ninguém caiu estando bem com Galvão Bueno. Ou ficou, estando mal com ele.

Para os amistosos contra Austrália e Argentina, a entidade mater do futebol brasileiro – como diziam os antigos – optou por produzir seu próprio conteúdo jornalístico (transmissão das partidas) e veiculá-lo em horário comprado na TV Brasil. E também no facebook.  É um direito da CBF e é, segundo mostraram Coxa e Furacão recentemente, uma tendência.

Contratou Pelé para os comentários. Convidou Maradona, que não aceitou. Não é barato, com certeza. Vai ter lucro, com mais certeza ainda.

E é aí que a porca torce o rabo.

A entidade dirigida por Marco Polo del Nero, sucessor de uma linhagem de velhacos, está cada vez mais rica.

E o dinheiro vem de onde?

Vem da venda de seu produto?

E qual é o seu produto?

A seleção.

E como é formada a seleção?

Por jogadores?

E os jogadores pertencem a quem?

Aos clubes.

Brasileiros?

Na maioria, não, mas em alguns casos sim. E mesmo os que não estão mais aqui, foram formados aqui.

Ou seja, a CBF ganha dinheiro com a matéria prima (que horror chamar um ser humano de matéria prima) formada ou fornecida por clubes e trata esses clubes com o máximo desrespeito possível.

Convoca jogadores para amistosos e não respeita a data Fifa. O Corinthians, por exemplo, perderá Fagner e Rodriguinho durante três jogos, contra Vasco, São Paulo e Cruzeiro. No primeiro jogo, não terá ainda Romero e Balbuena, chamados para a seleção paraguaia, que enfrentará o Peru. O Palmeiras perderá Mina e Borja, chamados pela Colômbia para amistosos contra Espanha e Camarões. O São Paulo não terá Rodrigo Caio.

O Brasileiro é um campeonato duríssimo. É uma maratona em que os clubes lutam contra contusões, suspensões e a voracidade dos mercados estrangeiros, que entram pela janela e levam o que quiserem embora. E precisam lutar contra a CBF que os desfalca a seu bel prazer.

O Brasileiro é um campeonato belíssimo. E a CBF faz tudo para deslustrá-lo. Criou uma lei ridícula que pune comemoração de reservas na hora do gol. Coisa de algum demente que não gosta de futebol. Ou de algum milico aposentado. E diminui o brilho de um clássico São Paulo x Corinthians, tirando três jogadores da partida.

O Corinthians poderia reclamar, colocar a boca no trombone. Mas não faz nada. Não fará nada. O presidente Roberto Andrade prefere dar uma entrevista constrangedora, lamentando a força da Crefisa.

Não é  único banana. Todos os presidentes de clube o são. Votaram no Coronel Nunes, outro milico aposentado, para presidente. Adoram pompas e salamaleques. Ficam felizes ao serem convidados para dirigir a delegação brasileira. Ou seja, de ocupar o lugar de Marco Polo, que não pode viajar por medo de algum imprevisto mais grave do que perder a mala no aeroporto.

São fantoches do Marco Polo. Tiram fotos. Colocam no site do clube. Mendigam atenção. Não tem altivez. Não fazem nada para defender o clube, mas depois, quando vem o título, correm e levantam a taça, deixando o capitão de lado.

Marco Polo, o carrasco, e os dirigentes sem cabeça se merecem. Um não vivem sem o outro. Havelange, Ricardo Teixeira, Zé das Medalhas e Marco Polo, o Galã, só existem porque os clubes são dirigidos por bananões.

 

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.