Marco Polo, carrasco dos clubes brasileiros.
A CBF resolveu afastar-se da RGGT, sua parceira univitelina nas últimas décadas, quando o assunto é transmissão de jogos da seleção. Uma relação tão forte que uma posição tomada por Galvão Bueno contra um treinador significou, quase sempre, fim de linha para o empregado da CBF. De Marco Polo, em último caso. Mas, ninguém caiu estando bem com Galvão Bueno. Ou ficou, estando mal com ele.
Para os amistosos contra Austrália e Argentina, a entidade mater do futebol brasileiro – como diziam os antigos – optou por produzir seu próprio conteúdo jornalístico (transmissão das partidas) e veiculá-lo em horário comprado na TV Brasil. E também no facebook. É um direito da CBF e é, segundo mostraram Coxa e Furacão recentemente, uma tendência.
Contratou Pelé para os comentários. Convidou Maradona, que não aceitou. Não é barato, com certeza. Vai ter lucro, com mais certeza ainda.
E é aí que a porca torce o rabo.
A entidade dirigida por Marco Polo del Nero, sucessor de uma linhagem de velhacos, está cada vez mais rica.
E o dinheiro vem de onde?
Vem da venda de seu produto?
E qual é o seu produto?
A seleção.
E como é formada a seleção?
Por jogadores?
E os jogadores pertencem a quem?
Aos clubes.
Brasileiros?
Na maioria, não, mas em alguns casos sim. E mesmo os que não estão mais aqui, foram formados aqui.
Ou seja, a CBF ganha dinheiro com a matéria prima (que horror chamar um ser humano de matéria prima) formada ou fornecida por clubes e trata esses clubes com o máximo desrespeito possível.
Convoca jogadores para amistosos e não respeita a data Fifa. O Corinthians, por exemplo, perderá Fagner e Rodriguinho durante três jogos, contra Vasco, São Paulo e Cruzeiro. No primeiro jogo, não terá ainda Romero e Balbuena, chamados para a seleção paraguaia, que enfrentará o Peru. O Palmeiras perderá Mina e Borja, chamados pela Colômbia para amistosos contra Espanha e Camarões. O São Paulo não terá Rodrigo Caio.
O Brasileiro é um campeonato duríssimo. É uma maratona em que os clubes lutam contra contusões, suspensões e a voracidade dos mercados estrangeiros, que entram pela janela e levam o que quiserem embora. E precisam lutar contra a CBF que os desfalca a seu bel prazer.
O Brasileiro é um campeonato belíssimo. E a CBF faz tudo para deslustrá-lo. Criou uma lei ridícula que pune comemoração de reservas na hora do gol. Coisa de algum demente que não gosta de futebol. Ou de algum milico aposentado. E diminui o brilho de um clássico São Paulo x Corinthians, tirando três jogadores da partida.
O Corinthians poderia reclamar, colocar a boca no trombone. Mas não faz nada. Não fará nada. O presidente Roberto Andrade prefere dar uma entrevista constrangedora, lamentando a força da Crefisa.
Não é único banana. Todos os presidentes de clube o são. Votaram no Coronel Nunes, outro milico aposentado, para presidente. Adoram pompas e salamaleques. Ficam felizes ao serem convidados para dirigir a delegação brasileira. Ou seja, de ocupar o lugar de Marco Polo, que não pode viajar por medo de algum imprevisto mais grave do que perder a mala no aeroporto.
São fantoches do Marco Polo. Tiram fotos. Colocam no site do clube. Mendigam atenção. Não tem altivez. Não fazem nada para defender o clube, mas depois, quando vem o título, correm e levantam a taça, deixando o capitão de lado.
Marco Polo, o carrasco, e os dirigentes sem cabeça se merecem. Um não vivem sem o outro. Havelange, Ricardo Teixeira, Zé das Medalhas e Marco Polo, o Galã, só existem porque os clubes são dirigidos por bananões.
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