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Menon

Proposta a Lugano é uma piada cruel de Leco e Ceni

Menon

20/06/2017 14h28

A respeito de Lugano, Ceni disse que:

Seria uma covardia colocá-lo para enfrentar Robinho, mano a mano

Seria uma covardia coloa-lo para enfrentar Neílton (sim, Neílton), mano a mano

Ele pode jogar apenas como o zagueiro central de uma linha de três, como o Maicon joga, mas estou contente com o futebol apresentado pelo Maicon

Se o Lugano não está jogando, outros 17 também não estão

A série de afirmações leva, seguindo um raciocínio lógico, à não renovação de contrato que termina em dias. Por que ficar com um jogador que atua pouco, em apenas uma situação de jogo e que é igual a outros 17 do elenco?

Ceni, entretanto, recorreu à muleta sobre a importância de Lugano para o elenco, como liderança e exemplo e disse que gostaria de contar com ele  por mais um semestre. Recomendou que o clube fizesse uma festa no final do ano em sua saída do São Paulo. Sabe aquele cara que trabalha 30 anos em uma empresa e, quando é demitido, ganha um relógio? E um pique pique?

A opção oferecida por Ceni é ofensiva. Ele não perguntou se Lugano quer continuar a carreira em outro clube, em outro país e logo foi tratando de aposentar o ídolo, depois de lhe dar um contrato de seis meses para ser exemplo de vida a garotos. Uma sobrevida.

A ideia de Ceni logo foi aceita por Leco. E, a dez dias do final de contrato, veio a oferta. Salários mantidos, mas sem direito de imagem. E no final do ano, a festa de despedida. Uma festa em que o São Paulo faturaria um bom dinheiro. Ficaria com 60% do lucro.

Ora, se Lugano ganha R$ 230 mil por mês, até o final do ano, o clube gastaria R$ 1,4 milhão com ele. Para conseguir esse valor, bastaria a festa de despedida produzir R$ 2,5 milhões de lucro. Não é difícil.

Resumindo: Ceni acha que Lugano não faz falta, mas aceita ficar com ele e promete uma festa no final do ano. O São Paulo aceita, mas a festa vai produzir o dinheiro que gastaria com Lugano.

Ou, seja: fica aí mais seis meses e continua ajudando a gente com sua personalidade, liderança e espírito de grupo, já que futebol não dá mais. E não vamos gastar nada mesmo. Quem sabe ainda lucramos um pouco?

É uma piada. Um acinte. Uma vergonha.

Fruto do quê?

Da falta de liderança. Da falta de coragem. Da falta do olho no olho.

São Paulo e Ceni têm todo o direito de achar que Lugano não dá mais. Não foi um bom investimento. Não será um bom investimento. Todo o direito. Muita gente concorda com isso. Muitos dos que discordam, não se baseiam no rendimento apresentado pelo uruguaio, mas sim em seu passado. Se Lugano tivesse marcado oito gols contra e cometido 24 pênaltis, ainda assim exigiriam a sua presença no clube.

O que não pode é não ter coragem de dizer isso ao jogador. Chamar de lado e dizer que os caminhos precisam se separar, que ele não está nos planos. Qualquer chefe de RH de empresa chinfrim faz isso com funcionários. O São Paulo e Ceni preferem subterfúgios indignos do clube e das histórias de Lugano e de Ceni no São Paulo.

Um treinador jovem que não tem coragem de dizer isso ao seu comandado está começando mal.

Um presidente veterano que não tem coragem de dizer isso ao seu comandado, está terminando muito mal.

PS – Se Lugano não pode enfrentar Neílton, como pôde enfrentar Denílson, do Avaí? Lembremos que Denílson veio para o São Paulo em lugar de Neílton, mandado para o Vitória. A verdade é que Lugano foi utilizado aquele dia porque era preciso vencer, era preciso mostrar coragem e personalidade. Tomara que tenha sido o último jogo do capitão. Seria um fim de carreira muito mais digno do que uma festa para dar dinheiro ao clube.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.