Saudades do futebol-raiz, com bola e sem fantasy game
Parodiando a tentativa de uma nova linguagem futebolística, eu já estou no terço final da vida. Melhor seria dizer, no
quinto final. E detesto saudosismo. No meu tempo era melhor, agora não tem nada de bom. O Neymar não serve para amarrar a chuteira do Zezinho Cachoeira que brilhou no América de Teófilo Otoni e que fazia o Tupi de Juiz de Fora suar frio.
O que é claro para mim é que o futebol que se jogava no Brasil é melhor do que o que se joga hoje. Por um motivo simples: a grande maioria dos grandes craques brasileiros estava aqui. Outra coisa que parece saudosismo, mas que me soa como incontestável é a melhor qualidade e variedade da música do "meu tempo". A geração Paulinho da Viola, Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso só se compara a Garrincha, Didi, Pelé, Gérson, Rivellino….
Então, sem mania de passado, há coisas no futebol de hoje que acho desprezíveis.
Fantasy game, por exemplo. Guerra, do Palmeiras, fez um jogo muito bom contra o Atlético Goianiense. O fantasy game da moda lhe deu nota negativa. Então, muitos torcedores, inclusive palmeirenses, em vez de questionarem os critérios do joguinho, foram ofender Guerra nas redes sociais. Saudades do tempo em que se torcia incondicionalmente para um time e não por algo virtual, longe da realidade.
A mistura realidade x ficção é incentivada nos programas da organizadora. Ligo o rádio e ouço dicas para se dar bem no fantasy. Ligo o computador e vejo dicas de escalação. Até já decorei que tem um prêmio de dez dias de pague para ver aos melhores. Prêmio chinfrim.
Quem é o melhor patrocinador? Quem é o melhor diretor de futebol? Caramba, essa pauta tenta entrar até na sagrada mesa de bar. E aplauso para renda.
Analista de desempenho está atingindo níveis de adoração também. O Corinthians contrata Pablo e os elogios vão para os analistas. Foram os mesmos que indicaram Kazim? Os analistas do São Paulo aprovaram Petros. Mas o Petros jogou no Corinthians um bom tempo, e todo mundo sabe que ele tem qualidades. E o Edimar, foi aprovado? Quando vai estrear.
Não sou contra analista e não sou contra que se faça uma análise mais profunda sobre o jogador a ser contratado. Mas daí a tratar esse profissional como a última novidade no futebol, é demais, né?
O Palmeiras não precisou de analista de desempenho para contratar O Divino. Foi um olheiro. Como aquele que levou o neguinho Gasolina para o Santos. Analista de desempenho que indica Kelvin, Mendoza, Noguera, precisa acertar muito para sair do vermelho.
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