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Lugano se torna cada vez mais um herói solitário. Dibradoras no Picadinho

Menon

26/06/2017 20h55

Vivemos no país em que um presidente exercendo o cargo é denunciado por corrupção. No país em que aviões e helicópteros com centenas de quilos de cocaína tem uma ligação estreita com paramentares. No país em que o futebol, paixão popular, é dirigido por bandidos há décadas. No país em que tudo pode, a renovação do contrato de Diego Lugano tem um quê de dignidade, de lição a ficar aos jovens.

Diego Lugano aceitou a humilhação que Leco lhe propôs e ficará no São Paulo até o final do ano Vai ganhar menos e, no final do ano, se quiser, terá uma festa de despedida, com renda dividida com o clube.

Essa é a minha visão. Para a torcida, isto não conta. O que fica é a certeza que seu capitão não abandonou a batalha. Não deixou o clube na mão em seu momento tão ruim. A narrativa do mito se constroi assim. O jogador tosco, que veio do Uruguai sem nenhum currículo no futebol profissional, um autêntico beque de fazenda.

Chegou sem falar a língua – até hoje, fala mal – e sofreu em silêncio. Deixava a mulher no quarto e ia chorar na sala. Melhorou, ganhou espaço, tornou-se imprescindível e ídolo. Por causa do São Paulo, virou capitão da seleção uruguaia, mudou a relação de subserviência e quase escravidão do futebol uruguaio com o empresário Paco Casal. Construiu uma associação que incentiva, com construção de campos e quadras, o desenvolvimento do futebol uruguaio fora de Montevidéu.

Voltou ao São Paulo, já veterano e sai dois anos depois, aceitando ganhar menos para não deixar o clube na pior. Isso é o que se dirá. Isso é o que ficará. Não interessa se a realidade é tão bela como a ficção.

No caso, está próxima. Lugano merecia ter jogado mais vezes. Tem errado pouco. E quando erra, tem sorte. Foi assim, contra o Furacão, com uma bola recuada de maneira terrível para Renan Ribeiro. Foi assim, contra o Fluminense, quando se posicionou mal, permitiu a jogada de Henrique Ceifador e foi salvo por defesas impressionante do goleiro.

ENQUANTO ISSO, LUCAS FONSECA JOGA MAIS UMA PÁ DE CAL NO FUTEBOL BRASILEIRO

O lateral Lucas Fonseca não tem vergonha de fazer uma palhaçada dessas, fingindo, de maneira grotesca, uma agressão de Paolo Guerrero? Não vou nem falar sobre respeito à profissão, ao companheiro de trabalho e aos colegas do time. Não vou falar da fama do futebol brasileiro e seus jogadores piscineiros, aumentada por ele. E nem do prejuízo que deu ao clube, sendo expulso por uma atitude tão grosseira e grotesca.

Fico pensando nos filhos de Luciano. O que eles sentem ao ver o pai dando um exemplo desses em campo? Caindo como um dublê mal treinado, fingindo uma falta que não houve. Os filhos dele sofrerão bulling na escola, terão de ouvir que o pai é um desonesto. É quase tão constrangedor como o Michelzinho se sentirá ao saber o que o papai aprontou no ano da graça de 2017.

Se Deus não existe, tudo é permitido, disse Fiodor Dostoieviski em Os Irmãos Karamazov.

Vivemos no país do tudo pode. Só o Marco Polo não pode viajar.

Com exemplos assim, tudo é permitido. Mas o Lucas Fonseca exagerou na dose.

Seu filho nunca terá o orgulho que tem o filho de Diego Lugano

 

DIBRADORAS NA ÁREA, EM NOME DO BOM JORNALISMO E CONTRA O PRECONCEITO

A overdose de programas opinativos, com seus lances polêmicos em excesso e pouquíssima reportagem não me seduz. Vejo alguns, é lógico, principalmente o Linha de Passe, mas busco outros canais. O Zé no Rádio, por exemplo, toda segunda na Central 3. E o Dibradoras, com textos e entrevistas excelentes tendo a participação feminina como mote principal.

AS DIBRADORAS E o jornalista Leandro Iamin, presidente do fã clube

 

 

É importante buscar outros aspectos do futebol, entender como ele é importante para a população brasileira.

Não julgar a paixão de todos como algo restrito a uns malucos.

E saber que paixão pelo esporte não é coisa de gênero.

O Dibradoras surgiu em junho de 2015 do interesse de cinco meninas apaixonadas por futebol e por esporte com o objetivo de dar visibilidade às mulheres nesse meio, que ainda é considerado tão masculino. Começou com uma página no facebook para debater futebol e machismo no esporte. Depois, veio o podcast na Central 3 para falar sobre a Copa do Mundo de Futebol Feminino, evento que as Dibradoras consideravam completamente ignorado pela mídia.

 

Mas, quem são as Dibradoras?

Angélica Souza: publicitária, 31 anos

Nayara Perone: designer, 30 anos

Renata Mendonça: jornalista, 28 anos

Roberta Nina Cardoso: jornalista, 34 anos

"Nosso objetivo com o projeto é dar visibilidade às mulheres no esporte. Queremos mostrar que mulheres também gostam, praticam e consomem esporte da mesma maneira que homens o fazem. Que não existe "esporte de menino" e "esporte de menina". Queremos inspirar outras meninas e mulheres a se envolverem nesse universo esportivo, que para nós é tão apaixonante, mas que ainda exclui as mulheres por ser um ambiente tão machista e preconceituoso. Sabemos que o esporte é um excelente instrumento pra trazer autoconfiança, disciplina, motivação, determinação e senso de trabalho em equipe – uma pesquisa da EY Women Athletes Business Network nos Estados Unidos mostrou que 94% das mulheres que ocupam cargos de liderança praticaram/praticam esporte."

Hoje, os principais canais são Facebook, Site, Twitter, Instagram, o podcast na Central 3 e um canal no Youtube, além de lives no facebook, com convidadas como  a técnica da seleção feminina, Emily Lima, e a ede futebol feminino da FPF, Aline Pellegrino, depois da final da Champions League feminina.

Abaixo, uma lista de matérias bacanas, escolhidas pelas autoras

Sobre as matérias mais legais, acho que posso mencionar as mais "queridas" pelo públicos:

A saga de uma mulher que ousa gostar de futebol: http://dibradoras.com.br/a-saga-de-uma-mulher-que-ousa-gostar-de-futebol/

'Nos vestimos de homem para que nos deem valor': o protesto de um time feminino no Paraguai – http://dibradoras.com.br/nos-vestimos-de-homens-para-que-nos-deem-valor-o-protesto-de-um-time-feminino-no-paraguai/

Por que você deveria ver a final da Champions League – feminina – http://dibradoras.com.br/por-que-voce-deveria-ver-a-final-da-champions-league-feminina/

Por que você precisa conhecer e admirar Marta – http://dibradoras.com.br/por-que-voce-precisa-conhecer-e-admirar-marta/

Falta espaço, sobra competência: por que a mídia esportiva ainda 'ignora' as mulheres? – http://dibradoras.com.br/falta-espaco-sobra-competencia-por-que-a-midia-esportiva-ainda-ignora-as-mulheres/

As mulheres que estão ajudando a reconstruir a Chapecoense – http://dibradoras.com.br/as-mulheres-que-estao-ajudando-a-reconstruir-a-chapecoense/

Desculpa, Formiga. – http://dibradoras.com.br/desculpa-formiga/

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.