Saudades de Eduardo Luís, o Ligeirinho
A festa de despedida de Romário da seleção brasileira foi no Pacaembu, contra a Guatemala, em 27 de abril de 2005. O velho estádio não tinha acomodações para permitir um bom trabalho da imprensa e foi feito algo às pressas. Nós, os repórteres, ficamos em um cercado, esperando Romário.
Depois de um bom tempo de espera, chega o Baixinho. Os baixinhos. Abraçados, lado a lado, o grande artilheiro e ele, Ligeirinho. Mais uma vez, não se sabe como, ele havia chegado primeiro. Bem primeiro. E, com uma cara alegre, nos entregou o Romário, já devidamente entrevistado.
Ligeirinho sempre chegava primeiro. Em desabalada carreira, como se dizia antigamente, entrava em campo e chegava com alguns metros e segundos antes dos outros no personagem do jogo. Por isso, Eduardo Luis era o Ligeirinho, como era chamado pelo Fiori Gigliotti.
Ele sempre dava um jeito. Houve uma vez, me desculpem a imprecisão de datas, em que Luxemburgo estava de volta a um grande clube (não me lembro qual) e estava com a perna engessada. Novamente, de forma precária, foi montado o palco para a entrevista. Ele, sentado, e todos nós em volta, como um bando de hienas. Nenhuma ordem, nenhuma organização, empurra-empurra, microfone na boca do Luxa, um horror.De repente, Ligeirinho, que estava em uma cadeira, atrás de Luxemburgo, desabou como uma manga madura. Na perna do Luxa.
"Tinha de ser ele, tinha de ser", escutei uma voz forte, atrás de mim. Era Marcos Luís, então repórter da Rádio Globo. A frase era de repreensão, mas havia admiração e ternura no rosto. Marcos Luís é filho de Eduardo Luís.
Na cobertura diária do São Paulo, quando estava no Agora, sempre me encontrei com Ligeirinho. Um bom papo, uma figura bacana. Nosso último encontro foi no início do Paulistão do ano passado, Corinthians x XV de Piracicaba, em Itaquera. Meu deu um grande abraço e nos sentamos juntos em uma bancada. Antes do jogo. Tocou o celular e era a mulher dele. Ligeiro ficou feliz, ouviu o recado e obedeceu o que ela havia mandado ele fazer. Sacou da mochila uma bem fornida marmita e almoçou. Foi uma frugal prova de carinho, que me emocionou.
Ligeiro é uma lembrança que se vai do mais amado e fantástico meio de comunicação que já houve. Dos tempos da Rádio Bandeirantes. Dos tempos em que, onde houvesse um jogo, havia vários repórteres trazendo informações. Vários repórteres e apenas um Ligeirinho, sempre o primeiro a chegar.
Adeus, amigo.
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