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Menon

O Monge Carille e o Mestre Cuca atrapalhado

Menon

13/07/2017 13h07

Cozinheiro atrapalhado

No dia 8 de maio, AQUI, eu escrevi que Palmeiras e Corinthians eram favoritos ao título, juntamente com Galo e Flamengo. Acertei dois e errei dois. Ou melhor, acertei os quatro. O desenrolar do campeonato é que mudou tudo. E não adianta os corintianos fazerem mimimi com a história de quarta força. Quantos deles acreditavam no título? Quantos acreditavam em Carille? Roberto de Andrade, certamente não, pois o trocou por Cristóvão e depois por Osvaldo. E ele só ficou porque não encontraram outro. Ainda bem. Para o Corinthians.

E por que o Palmeiras não confirmou a pecha de favorito e o Corinthians foi muito mais longe do que se esperava? Passa muito pelo trabalho dos dois treinadores. E das expectativas que eles traziam consigo. Carille, com sua voz de monge, muito humilde e assumindo que o desempenho fantástico e inigualável é uma surpresa até para ele, chegou sem muitas expectativas, em dezembro.

Assumiu e disse que montaria um bom time, a partir da defesa. Foi o que fez, bebendo na límpida água de Tite. E, no ataque, quem resolveria? Kazim e Jô eram incógnitas. O turco inglês, pelo seu currículo pobre. E Jô, pela pouca seriedade com que estava administrando a carreira. Kazim é mesmo um grosso e Jô ressurgiu, com requintes de crueldade. Um matador implacável.

O importante é notar que o time de Carille evoluiu coletivamente, tornou-se forte também no ataque e a evolução fez com que crescesse o nível de muitos jogadores. Cássio, Arana e Fagner, por exemplo. Hoje, é indiscutível que o time do Corinthians, individualmente falando, é melhor que o do Palmeiras.

E qual é mesmo o time do Palmeiras? Ninguém sabe. Nem Cuca, que chegou em maio, como Salvador. O homem que corrigiria todos os erros cometidos por Eduardo Baptista. Importante notar que o rendimento do técnico anterior é melhor que o de Cuca.

Cuca está preso a um esquema, o 4-2-3-1 e tenta encaixar os jogadores a ele. Como tem um elenco grande, perde-se nas opções. E, outra característica, busca desesperadamente repetir o Palmeiras de 2016. Mas, cadê o Gabriel Jesus que estava aqui? Não tem. Busca o Richarlison? Não vem. Busca o Diego Souza. Não vem? Busca o Deyverson. Veio. Vamos ver se o passado recente vem também.

E o que fazer com Borja? A contratação mais cara do ano, caiu em desgraça. Ele não se adapta ao tridente de Cuca, sempre com dois homens abertos no ataque. Eu acho que ele renderia mais se Guerra tivesse Veiga ao seu lado, na armação. Com mais passes, com mais troca de bola, talvez Borja não precisasse sair da área e tivesse, então, muito mais oportunidades.

E, se Cuca não acha o novo Gabriel Jesus (Vitinho merecia um chance?), onde está o novo Moisés. Tchê Tchê sente falta dele. Seu futebol caiu muito. Será Thiago Santos, pois Felipe Melo não consegue ter mobilidade vertical?

E os laterais? Fabiano, Jean, Egídio e Zé Roberto? Ou a improvisação de Michel Bastos? Ou linha de três, com Juninho? E Guedes na direita?

Mestre Cuca precisa mudar a receita. Ou, se a mantiver, precisa definir logo quais serão os ingredientes. O Palmeiras precisa vencer o Cruzeiro no Mineirão para seguir na Copa do Brasil. E precisa vencer o Barcelona fake, em casa, para enfrentar o Real Madrid verdadeiro no final do ano.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.