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São Paulo é time de massa. Diretoria precisa respeitar a torcida

Menon

14/07/2017 18h14

O Campeonato Paulista de 1978 se estendeu até 1979. Nos dias 13  e 14 de junho, dois jogos decidiriam dois dos quatro semifinalistas. No dia 13, o São Paulo venceu o Botafogo por 2 x 0 e se classificou para enfrentar o Palmeiras. Corinthians e Guarani empataram e o time de Campinas se classificou. Nas semis, o São Paulo eliminou o Palmeiras e o Santos eliminou o Guarani. O Santos foi campeão em três jogos contra o São Paulo.

Quero chamar a atenção para um fato. Corinthians e Guarani jogaram no Morumbi, com 92.454 pagantes. São Paulo e Botafogo, no Pacaembu, com 49.258 pagantes. Ou seja, o São Paulo cedeu seu campo para o rival, por questões comerciais. O mesmo havia acontecido em 27 de março de 1977, quando o São Paulo perdeu por 3 x 0 para a Portuguesa, no Pacaembu, para 22.460 pagantes, enquanto o Corinthians, na estreia de Palhinha, perdeu pelo mesmo placar para o Guarani, no Morumbi, para 60.034 pagantes.

Velhos tempos, em que a torcida do São Paulo era a terceira do estado. Melhor ganhar dinheiro alugando o estádio para o Corinthians. O tempo passou. Nos anos 90, a torcida tricolor aumentou muito. E, com o legado dos títulos mundiais conquistados sob o comando de Telê Santana, mudou seu perfil. Passou a ser uma torcida de massa. Se era a terceira do estado, hoje é a terceira do Brasil. Está presente em todos os cantos do país, do estado e da cidade.

Capaz de levar 31 mil torcedores ao Morumbi em uma quinta-feira gelada, com o time na zona de rebaixamento. É uma torcida chata, corneteira, mas parceira. Capaz de dar a mão e de carregar o time no colo. E como ela é tratada? Muito mal. Contra o Atlético-GO, por exemplo, havia 20 mil ingressos vendidos antecipadamente. O jogo era as 19h30, um horário em que o trânsito é muito ruim. Por isso mesmo, os 10 mil que chegaram para comprar ingresso deveriam ter um tratamento especial. Mais bilheterias, pagamento em dinheiro, promoções, atendentes em quantidade, placas de sinalização, enfim, toda a facilidade possível para que a entrada no Morumbi fosse ainda com bola rolando. E teve gente que só conseguiu entrar no final do primeiro tempo.

O Morumbi e o Canindé são os únicos estádios da cidade que permitem um programa dos velhos tempos. O cara acorda tarde no domingo e chama um amigo para ir ver o jogo. Dá para comer alguma coisa e #partiuMorumbi. O torcedor do Palmeiras e também o do Corinthians não tem essa possibilidade. Os rivais do Tricolo têm programas de fidelidade que obrigam a uma luta incessante na internet para conseguir um ingresso. Caro. Os outros, já foram adquiridos pelos sócios torcedores.

O São Paulo precisa tratar melhor sua torcida. Como é um time de massa, precisa facilitar a vida daquele são-paulino pobre e desdentado que mora em Itaquera. Aquele que Carlos Miguel Aidar humilhou. E não é só Itaquera. Tem torcedor do São Paulo em toda a periferia. E que vai ao jogo, até porque o ingresso tem preço acessível. O preço é acessível, mas o ingresso, não.

A diretoria precisa tratar bem o seu torcedor, que é de massa. Estender um tapete vermelho, preto e branco para que eles se sintam em casa. Para que entrem logo e possam ver o o jogo todo. Assim, voltarão.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.