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Danilo, o maior injustiçado, está voltando

Menon

18/07/2017 17h08

Robson Ventura/Folhapress

Lista de dez mais é uma coisa que dá briga. Já vi uma família se dividir em duas por discordarem se Brida era melhor que Brecha. Já vi noivado ser desfeito porque noivo e noiva discordavam qual Tupanzinho foi melhor. Mesmo assim, me arrisco a dizer que Danilo, é o maior injustiçado nos últimos 30 anos quando se fala em injustiças na seleção brasileira. Ele simplesmente NUNCA foi chamado. Nunca, nem para algum amistoso beneficente.

Há outros nomes, como Fernando Prass, por exemplo. Prass chegou a ser convocado para a seleção olímpica, Danilo, nem isso. E, convenhamos, Danilo tem um currículo de conquistas incontestavelmente melhor que o de Prass. E de quem mais apareça na nossa lista.

Danilo ganhou duas Libertadores e dois Mundiais por dois clubes diferentes: o São Paulo, em 2005 e o Corinthians, em 2012, o que mostra a longevidade de uma carreira em alto nível. Foi campeão brasileiro três vezes, em 2006, no Tricolor e no Timão, em 2011 e 2015.

Os números são do meu amigo Rodrigo Skinny Vessoni, do site Meu Timão e, olha, haja títulos. São 19 conquistas no século, no Corinthians, São Paulo, Goiás e Kashima Antlers.

Danilo é caipira e sem carisma. Não usa a mídia. O brinco que usava, não sei se ainda usa, parece estar na sua orelha por alguma brincadeira de criança. Ele estava dormindo e não percebeu que puseram o brinco. É perfil baixo. Muito mais baixo que seu futebol.

Ele tem presença de área, cabeceia, chuta, passa e lança. Dá impressão de ser lento, mas não se nega a correr atrás de quem quer que seja. É jogador para qualquer circunstância, mas brilha mesmo em jogo grande. Pelo Corinthians, tem 12 gols em clássicos contra São Paulo, Palmeiras e Santos. Danilo, ouso dizer, não joga mal. Se joga, é porque a gente estava distraído e não percebeu alguma coisa importante que ele está fazendo.

Está parado desde 31 de julho do ano passado, depois de um jogo contra o Inter. Um mês depois, teve uma lesão grave e correu o risco de amputar a perna. Superou tudo e agora, aos 38 anos, está voltando aos treinos. Em 20 dias, pode voltar a jogar futebol, o que sempre fez muito bem e continua fazendo, perto do ocaso.

Danilo é o cara que construiu uma história discreta, vencedora e com alta qualidade no futebol brasileiro. Talvez no futuro, quando falarem dele, o interlocutor mais novo não se lembre, não consiga ligar o nome à pessoa. Danilo, quem? Aquele que ganhou tudo, menos uma chance na seleção brasileira. Aquele que teria ido a muitos mundiais e que seria cantado em prosa e verso se não fosse nascido em Pindorama.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.