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Prass e Jaílson: duas lindas histórias e somente um final feliz

Menon

26/07/2017 14h22

Fernando Prass é camisa 1. Homenagem à escola palmeirense de revelar goleiros como Nascimento, Oberdan, Marcos, Velloso, Zetti, Diego Cavalieri.

Jaílson é camisa 14. Uma homenagem à data de fundação do clube. O Palmeiras não usa a camisa 12, imortalizada por causa de Marcos. Usa a 42, ano da Arrancada Heróica e 51, pelo Mundial.

Fernando Prass e Jaílson são donos de histórias emocionantes no futebol. Eu me lembro de que, quando cheguei ao Lance! em 1998, Leão Serva e Maurício Stycer deixaram claro que uma marca do jornal seria a de contar histórias de vida. Dramas. Eu, que sempre gostei, me lambuzei.

Fernando Buttenbender Prass, gaúcho de Viamão, começou a ter seu nome notado apenas com 28 anos, quando chegou ao Vasco em 2009. Na verdade, culpa de um olhar da imprensa muito focado no Sudeste. Por isso, ninguém percebeu que já era um goleiro promissor no início da carreira no Grêmio, em 1998 e que já havia confirmado suas qualidades no Coritiba, de 2002 a 2005. Francana, Vila Nova, União de Leiria? Ninguém sabe, ninguém viu.

Com salários atrasados, deixou o Vasco e chegou ao Palmeiras, na Série B, em 2013. Com 35 anos e na Série B. E sucedendo o maior ídolo da história do clube. Um dos maiores. Qual o roteiro que se anunciava? Um fim de carreira digno. Nada más.

Foi muito mais que isso. Prass foi o esteio do Palmeiras na segundona. Foi destaque em 2014, apesar da contusão no cotovelo, que o tirou de combate de maio a outubro. Veio 2015 e o Palmeiras estava renovado e muito forte. Prass foi grande destaque na Copa do Brasil, defendendo e marcando nas decisões por pênalti. Foram cinco em 2015 e mais cinco em 2016.

Ídolo da torcida, Prass caminhou para o grande reconhecimento de sua carreira. Foi convocado para a Olimpíada. Seria o comandante de garotos rumo à medalha de ouro. Mas uma fratura no cotovelo direito, o mesmo de 2014, deixou seu sonho de lado. Nada de seleção.

CORTA. VOLTEMOS UM POUCO NO TEMPO

No final de 2014, o Palmeiras buscou um novo goleiro. Afinal, Prass havia contundido o cotovelo direito. A escolha surpreendeu a todos. Jaílson, quem? E a explicação era difícil. Jaílson, do Ceará. Titular? Não, reserva. É novo? Não, tem 33 anos. Mas, pelo menos tem currículo. Nem tanto. Jogou até agora no Campinense, São José, Ituano, Guaratinguetá, Juventude e Oeste.

Bem, não vai jogar mesmo. Revezaram-se Sávio, Aranha, Deola..Em 2015, fez três jogos. E em 2016, com a contusão de Prass, ele assumiu….o banco. O titular era Vagner. Não durou três jogos. Entrou Jaílson.

Jogou 19 vezes e nunca perdeu, com 14 vitórias e cinco empates. Titular absoluto. Um sucesso para quem estava cumprindo seu sonho de criança de jogar no Palmeiras, seu time de coração. Ele comprova, com o uniforme de goleiro que o pai lhe deu quando ainda era criança. Do Palmeiras.

E chegou 2017. Seria o ano de Jaílson. O ano da confirmação.

CORTA

Fernando Prass se recuperou e assumiu a camisa de titular. Nada mais natural, diante de tudo o que significa para o clube e para a torcida.

O final feliz sonhado por Jaílson estava acabado. Ou adiado?

A volta de Prass não foi feliz. Errou várias vezes. O goleiro ídolo passou a ser questionado. Cai para trás.

E o final feliz volta para Jaílson. Assumiu e pegou um pênalti.

Será o titular da decisão contra o Cruzeiro.

Qual dos dois veteranos terá um final feliz?

Aquele que o cotovelo tirou da Olimpíada?

Aquele que foi a contratação mais inexplicável de todas?

O que comandou o time na conquista da Copa do Brasil?

O que comandou o time na conquista do Brasileiro?

O veterano negro de 36 anos?

O veterano branco de 38 anos?

Os dois têm um lugar na história do clube. O futuro registrará. Mas o presente é cruel. Apenas um terá final feliz em 2017. E é difícil que ambos continuem em 2018.

Sorte do Palmeiras, que se orgulha de ser a grande escola de goleiros e que soube contratar muito bem.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.