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Torcedor do São Paulo pede explicações ao Conselho Deliberativo

Menon

08/08/2017 06h00

O torcedor Luís Roberto Demarco enviou a seguinte carta a Marcelo Pupo, presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo. Em relação aos itens quatro e cinco, dou minha opinião. O currículo de Marcio Aith, a quem não conheço e nunca vi pela frente, o credencia a ter cargos importantes como o atual. E o fato de ser amigo de Fernando Barros e Silva, a quem conheço e reconheço como um jornalista de alto nível, não desmerece o seu currículo e seu conhecimento.

A seguir, a carta.

Exmo. Sr. Marcelo Abranches Pupo Barboza

Prezado Presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo Futebol Clube,

 

Escrevo-lhe na qualidade de sócio do SPFC (Número 9054), Sócio Torcedor e Torcedor Apaixonado do Tricolor.

Sou empresário de tecnologia e há muito tempo ajudo o São Paulo sem qualquer remuneração, cargo ou ambição política. Fui responsável pela proposta de transformar o São Paulo em empresa, nas gestões de Fernando Casal Del Rey e Marcelo Portugal Gouveia. Fui chamado por Juvenal Juvêncio e Athaide Gil Guerreiro para estruturar corporativamente o futebol de base de Cotia, e mais recentemente na gestão Carlos Miguel Aidar/ Leco, fui responsável pela ideia e implementação do novo projeto Sócio Torcedor que mais que triplicou a quantidade de STs do São Paulo Futebol Clube, mesmo em uma época sem nenhum título no futebol.

Não sou de "Situação" ou "Oposição", nem sei quais são as posições políticas das pessoas com que me relacionei no São Paulo, e minha ÚNICA agenda é ajudar o São Paulo a ser novamente o clube VENCEDOR que sempre o caracterizou.

Gostaria de pedir que os pontos a seguir sejam submetidos à apreciação do Conselho Deliberativo, para reflexão e discussão dos mais relevantes aspectos necessários à transparência da Administração do Clube e o consequente sucesso da Gestão dentro das melhores práticas de Governança Corporativa.

1)      A Diretoria Executiva passou a ser remunerada dentro do novo Estatuto do Clube. Quais são os salários do Presidente e Diretores e quais as metas anuais ou semestrais a que esses "Executivos" se submetem e quem os avalia?

 

2)      Em uma empresa, os executivos remunerados, incluindo o CEO/Presidente, podem ser destituídos/demitidos a qualquer tempo pelo Conselho de Administração. Como funciona isso em um Clube de Futebol como o São Paulo, uma vez que o Presidente tem mandato eleitoral. Ele pode ser demitido por "má performance" por exemplo?

 

3)      Quem define a remuneração dos Diretores Executivos? Essa remuneração é tomada com base em que? Outros clubes tem esse tipo de remuneração? Ela é compatível com a situação financeira do São Paulo imaginando o clube como uma empresa? Os Diretores tem jornada de trabalho e expediente definidos, cumprem período de trabalho no clube? Quem fiscaliza tudo isso?

 

4)      Por exemplo, tive a informação que o Diretor de Comunicações e Marketing, Sr. Marcio Aith, tem uma salário de 55 mil reais mensais e não tem jornada de trabalho definida dentro do SPFC, nem metas, nem resultados. Essa informação é verdadeira? O Sr. Marcio Aith trabalha exclusivamente pelo São Paulo Futebol Clube ou continua atuando informalmente como assessor do Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, enquanto possui provavelmente a maior remuneração dentro do SPFC excetuando-se os jogadores?

 

5)      É verdade que o Sr. Marcio Aith, jornalista de profissão, e portanto sem nenhuma experiência para o cargo que ocupa (uma vez que a atividade mais relevante para o São Paulo é o Marketing com a busca de patrocínios), foi trazido para essa posição por ser "o melhor amigo do filho do Presidente Leco"? Seria esse um caso de NEPOTISMO dentro da gestão do SPFC? Existem outros casos?

 

6)      É verdadeira a informação que a Diretoria Executiva se utiliza de carros Mercedes-Benz resultantes de uma parceria com a Concessionária Divena? Isso é correto? Uma Diretoria Executiva de um clube de futebol precisa ter "carro oficial"? Pior, o uso de um patrocínio do clube para benefício pessoal não constitui um desvio de finalidade? Não seria melhor converter o dinheiro dos carros e de sua manutenção para o caixa do SPFC?

 

7)      Quais os limites do Presidente e da Diretoria Executiva para negociar valores de jogadores, comissões de empresários e intermediários, multas, etc? Por exemplo, existe notícia de que o Presidente do São Paulo assinou uma multa de 5 milhões de Reais para o Rogério Ceni como técnico ( que apesar de ídolo, é um técnico em início de carreira ) para ter uma performance de time de Segunda Divisão. Muito provavelmente o Rogério Ceni NUNCA ganhou mensalmente como jogador e ídolo maior do São Paulo em tantas campanhas vitoriosas, o mesmo que ganhou como técnico por um período curto e uma performance medíocre, se considerada essa multa. Em uma empresa um Presidente que cometesse tal leviandade, seria DEMITIDO sumariamente. Como isso funciona no São Paulo Futebol Clube?

 

8)      Quais os controles que o São Paulo Futebol Clube possui em cima das milionárias transações de jogadores e empresários envolvidos? Algum órgão do SPFC revisa no detalhe os valores envolvidos, comissões pagas, impostos pagos e toda a documentação pertinente, incluindo um "check-list" de Práticas Anti-Corrupção, verificando todos os caminhos dos pagamentos efetuados?

 

9)      Existe no clube algum órgão ou membro do Conselho de Administração ou Conselho Fiscal que revise mensalmente os números da Diretoria Executiva com o objetivo de garantir que não existam discrepâncias de valores de mercado ou melhores práticas de gestão? Por exemplo, alguém revisa os juros pagos aos bancos na dívida do São Paulo e periodicamente exercita uma renegociação com diversos bancos para reduzir os valores?

 

10)   Qual a dificuldade do São Paulo Futebol Clube adotar a prática do "Open Book" dando total transparência nos números, metas e resultados da Diretoria Executiva? Isso traria para a liderança do clube uma pressão que existe em qualquer empresa de Capital Aberto, e que pode se refletir no bom exemplo para a cobrança natural na formação  e operação de um time de futebol vencedor, que é o que todos objetivamos.

 

11)   Existe um "limite máximo de idade" para Diretores Executivos? Por exemplo, na maioria das empresas de mercado esse limite está entre 63 e 70 anos no máximo, por considerar que o cargo executivo requer intensidade de atuação e energia, o que obviamente a idade naturalmente nos retira com o tempo. Somente como ilustração, na Argentina e em Portugal não se pode dirigir um carro depois dos 80 anos de idade. Inversamente  entretanto, a sabedoria e a experiência aumentam com a idade e, por essa razão, normalmente os Conselhos de Administração das empresas são compostos por pessoas com maior experiência, algumas vezes fixando ( ao reverso das Diretorias Executivas ) uma idade mínima ao invés de máxima.

 

Tive recentemente uma experiência muito ruim que denotou a passividade, indecisão e omissão da Diretoria Executiva do São Paulo Futebol Clube. Isso e os resultados do time de futebol me motivam a trazer construtivamente estes questionamentos ao Conselho Deliberativo.

Copio aqui o Sr. Júlio Casares, que me conhece, sabe da minha contribuição e do meu caráter, e é membro do Conselho de Administração, para que também possa submeter este documento e questionamentos naquele importante órgão do clube dentro do novo Estatuto.

Tenho convicção absoluta que a tragédia futebolística que o São Paulo tem vivido nos últimos tempos, tem direta relação com os pontos abordados acima. A liderança, a energia, a determinação, a responsividade, a transparência e o BOM EXEMPLO fazem um time vencedor, e determinam parâmetros até mesmo para os jogadores de futebol dentro de campo.

Agradeço imensamente a atenção dos senhores a estes temas que me parecem extremamente relevantes.

 

Atenciosamente,

 

Luís Roberto Demarco

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.