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Menon

Muitos milhões e uma calça vinho. E a ciência? O conhecimento?

Menon

10/08/2017 17h40

Ajoelhado, com a calça vinho, Cuca espera pela cobrança de tiros da marca penal que decidirão o futuro do Palmeiras na Libertadores. O divino e o profano juntos, religião e superstição unidos para fazer o que os milhões e milhões não conseguiram. O centroavante de 10 milhões de dólares, uma gentil oferta de dona Leila não foi levado em conta. Felipe Melo, o comandante que comandou ele mesmo – e só – foi afastado. Prass, o ídolo está abraçado com os companheiros, só na torcida. O gol é de Jaílson.

E Cuca, o comandante, o homem que veio para salvar, o homem que teve tudo nas mãos, que decidiu o que quis, sem prestar contas a ninguém? Está ali, prostrado, olhos no infinito. Deus vai salvar? Algum santo de predileção? A calça vinho. Tudo junto, deve ter pensado Cuca quando aqueles 4 x 2 a favor do Barcelona se transforaram em 4 x 4.

Então, veio Egídio. O contestado. A prova viva de um dinheiro mal gasto. Barrios custou caro, não serviu. Foi embora. Borja custou caro, não serviu, está encostado. Deyerson custou caro e está jogando. E dinheiro para um bom lateral esquerdo. E direito?

Egídio, o contestado, o pressionado, errou. E Cuca explicou que outros não quiseram bater. Não se sentiram bem.

Mas, pode? Pode não se sentir bem?

Olha, eu não tenho religião. E não tenho nada contra quem tem.

Olha, eu não tenho dinheiro. E não tenho nada contra quem tem.

Mas, um projeto milionário não pode ficar dependendo da crença de cada um. E do dinheiro mal gasto. Não é possível que excelência e ciência fiquem de fora. Os pênaltis devem ser treinados durante a semana, de acordo com a qualidade dos jogadores e do estilo do goleiro adversário. Não pode ser escolhido na hora.

E até quando os clubes brasileiros e seus treinadores milionários vão sofrer com equipes modestas bem montadas e bem treinadas. Impressionante como o Jorge Wilstermann soube sair do sufoco do Galo, com bom posicionamento, bons passes, triangulações na defesa e poucas faltas. O Barcelona, que eliminou o Palmeiras, havia vencido o Botafogo, no Rio.

As tais duas linhas de quatro são um martírio para nossos professores, suas crenças, suas mandingas, suas calças preferidas, suas cuecas da sorte.

Será possível que o dinheiro não venha acompanhado de ciência e do conhecimento? Religiosidade pode continuar, mas dá para ter os dois? Acho imprescindível.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.