Quatro técnicos estrangeiros que ajudaram o futebol brasileiro
Jair não quer. Luxemburgo não quer. Ou, pelo menos querem impor dificuldades para o trabalho de treinadores estrangeiros no Brasil. Falam em mercado de trabalho vilipendiado, mas estão mirando no efeito e não na causa. As críticas deveriam ser feitas à má qualidade dos cursos oferecidos no Brasil e não aos treinadores estrangeiros que chegam porque a qualidade dos brasileiros não está agradando.
A história do futebol brasileiro mostra estrangeiros que ajudaram muito na evolução do futebol brasileiro. Uma pequena lista mostra alguns exemplos.
Bélla Guttmann – Chegou ao Brasil em 1956, como treinador do Honved, que fazia uma excursão ao país. O time húngaro tinha craques como Puskas, Kocsis e Czibor, grandes ídolos da seleção húngara campeã olímpica em 1952 e vice-campeã mundial em 1954. Eles haviam abandonado o país por questões políticas. Guttmann, que estava trabalhando na Áustria, se juntou ao grupo. No Brasil, aceitou o convite do São Paulo. Apostou em treinos específicos, na qualidade dos jogadores e introduziu o sistema 4-2-4 e foi campeão paulista de 1957. Trabalhou junto com Vicente Feola, que assumiu a seleção brasileira no ano seguinte e introduziu as mudanças feitas no São Paulo. No caso, com Zagallo na esquerda, mais defensivo que Canhoteiro era no São Paulo e Pepe no Santos.
Fleitas Solich – A história poderia ter sido diferente. Vicente Feola na seleção foi uma imposição de Paulo Machado de Carvalho. Uma das outras opções era Manuel Fleitas Solich, paraguaio que havia sido tricampeão carioca pelo Flamengo em 53/54/55. Grande jogador paraguaio dos anos 20, brilhou também no Boca. Como técnico, dirigiu equipes argentinas e chegou ao Brasil em março de 1953, depois de haver vencido o Sul-americano com o Paraguai. Venceu os três títulos cariocas seguidos, com jovens jogadores como Evaristo, Zagallo, Dida. Ficou no Flamengo até 1958 e foi contratado pelo Real Madrid.
Filpo Núnez – Quem disse que o Brasil nunca foi treinado por um estrangeiro? O argentino Nelson Ernesto Filpo Núnez teve essa honra em 7 de setembro de 1965, na inauguração do Mineirão. O Brasil, no caso, era o seu Palmeiras, a primeira Academia, que representou o Brasil contra a seleção uruguaia. Vitória do Brasil por 3 a 0. O time tinha Djalma Santos, Dudu, Ademir, Servílio, Tupãzinho, Gildo e outros. Filpo Núnez defendia o futebol alegre, baseado na qualidade técnica dos jogadores sem privilegiar a preparação física, algo comum na época. Sua passagem pelo Palmeiras foi magnífica, o grande ponto de sua carreira mediana.
Ondino Vieira – O uruguaio, que dirigiu a seleção de seu país na Copa de 1966, foi um dos grandes nomes do futebol carioca nos anos 40, rivalizando com Flávio Costa, que dirigiu o Brasil na Copa de 50. No Uruguai, teve sucesso com o Nacional de 1933/34, com o grande zagueiro brasileiro Domingos da Guia. Chegou ao Brasil em 1938, para dirigir o Fluminense. Foi campeão e repetiu o feito em 1940 e 1941. Em 1943, foi para o Vasco e, em 1945, com 13 vitórias e cinco empates, foi campeão invicto. O seu último título, pois deixou o Vasco em 1946. Mas estava lançada a semente do que viria ser o grande Vasco de 1948, o Expresso da Vitória que seria campeão sul-americano.
Houve muitos outros treinadores estrangeiros de sucesso no Brasil, como Jose Poy, Ramon Platero, Dori Krushner, Nicolás Radanyl. Uma história bonita que você pode conhecer muito melhor no trabalho de LEANDRO STEIN na Trivela.
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