Palmeiras e a conversão de Maria e José
Antonio César Simão, o Turco Tote, é meu amigo há 40 anos. Desde quando eu entrei na Engenharia de Lins e ele já lá estava, balançando a pança e comandando a massa. Era nosso comandante na Atlética e na luta contra a Ditadura. Ele tinha dois amores secretos: pela Deise (não era tão secreto assim, afinal todo mundo sabia, menos ela, bem, acho que ela sabia também) e pelo Palmeiras. Não era o mais assíduo nas discussões futebolísticas, como o Mauro Achilles e o Moacyr, engenheiro Pinduca.
Uma digressão: você me acham chato, mas eu tenho amigo das três faculdades, do colegial, do ginásio, do primário e do Jardim de Infância, sem contar o Tiro de Guerra.
Bem, voltando ao Simão. Falando em futebol, a gente fez o meio de campo e ele conquistou a Deise. E se tornou fanático pelo Palmeiras. E passou o amor verde aos filhos, Maria e José. Maria, por conta da música de Milton Nascimento e José, pela tradição árabe de colocar no filho o nome do avô. José Fernando, José Guilherme, José Carlos, todos Simão. E o José, que é só José. Nada a ver com religião, que, na família, é mais para a Deise.
A família vai constantemente ao estádio. Contra o Barcelona, foram o pai e os filhos. Expectativa, esperança, êxtase e apreensão se seguiram. Até que chegou a hora dos pênaltis. Simão, muito confiante e comunicativo, como sempre, estava fazendo novos amigos e contando como o Palmeiras venceria. Quem faria os gols – todos, é lógico – e quantos seriam defendidos. Comandava a massa que estava acima dele e não viu mais os filhos. Aí, foi avisado que ia começar a decisão. Virou-se para o campo, sentou-se na sua cadeira e…não viu nem Maria e nem José.
O susto durou um mínimo segundo. Ou fração ele. Foi quando viu Maria e José, ajoelhados, de mãos dadas, tentando balbuciar uma Ave Maria ou outra reza qualquer, escondida no desvão da memória, arrancada de algum cantinho do cérebro, lembrança das aulas de Catecismo. Maria e José, convertidos.
Não é só futebol.
Hoje, a família está na torcida pela recuperação de Dona Irene, mãe da Deise e mulher do Lalô, o sogro que pensa igual ao Simão em tudo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.