O dia em que batizei o filho de Junior Baiano
Junior Baiano chegou ao São Paulo em 1994, sob grande desconfiança da diretoria e torcedores, e respaldado enormemente por Telê Santana. Mais que desconfiança, era rejeição. No ano anterior, ele. que estava no Flamengo, havia sido (na visão da torcida) desleal em uma dividida com o zagueiro Gilmar.
E o respaldo, Telê me explicou uma vez. "O Junior é um jogador muito bom, muito técnico. Ele faz essas loucuras dele, de caçar o adversário. Uma vez, deu um carrinho em um sujeito que até me deu raiva de ver. Não foi, Junior"? "Foi sim, seu Telê, mas agora não tem mais isso, não". A conversa era em um aeroporto e Junior estava a uns três metros de distância. Telê, como costumava ser, , preferiu dizer o que pensava, olho no olho.
E, além de jogar muita bola, Junior era um papo muito agradável. O rei da resenha. Eram tempos diferentes, em que os setoristas tinham contato maior com jogadores. Depois ou antes do treino, sempre havia espaço para conversar de futebol ou de outro assunto.
Em uma das conversas, Junior falou que estava muito feliz naqueles dias.
Por que essa felicidade toda?
Minha mulher está grávida. Falta pouco.
Que ótimo! Menino ou menina?
Moleque. É um moleque.
Como vai se chamar?
Estou na dúvida entre dois nomes.
Quais são?
Patrick ou Cleveland
CLE VE LAND? (Eu falei assim, alto, com estranheza. Um absurdo, pois não tenho nada a ver com nome de filho dos outros. Cada um tem seu gosto. Mas foi algo espontâneo. Ele perceveu)
Acho melhor Patrick, né?
E ontem, ao ver o Resenha, do Plihal, vi o Baiando falando que Patrick tem 22 anos e também é jogador.
Meu susto ajudou na escolha. O que, repito, não era da minha conta.
Por falar nisso, vocês repararam como narradores de televisão estão adotando uma sonoridade americana para nome de jogadores? Ninguém mais é Alán. É Álan. Tômas e não Tomás.
Colonialismo.
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