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Menon

Trump morreu pelo próprio veneno

Menon

11/10/2017 12h42

Eu não sou adepto de teorias de conspiração. E nem da frase "não acredito em bruxas, mas que existem, existem…". No esporte, quando se propaga, sem provas, suspeitas de entrega de jogo, o que se está fazendo, na verdade, é colocar manchas indeléveis em reputações. É o que se faz agora com as viradas de Honduras e Panamá, sobre México e Costa Rica, que culminaram com a desclassificação dos EUA.

Epa, mas os EUA conseguiram perder para Trinidad e Tobago, último colocado no hexagonal, com um público de mil pessoas? Se empatasse, estava classificado. Perdeu e está fora. Foi o corolário de uma participação muito ruim. Começou com derrotas para México e Costa Rica, que ocasionaram a demissão de Klinsmann. Reagiu com goleada sobre Honduras, empate com Panamá, vitória sobre Trinidad, empate com o México (fora de casa) e….veio então a terceira derrota em sete jogos, contra Costa Rica, em casa. Mesmo assim, a vaga estava na mão, após empate com Honduras e goleada sobre o Panamá.

E veio o desastre. Com um gol contra que encobriu o goleiro e um frango do ótimo Howard. De quebra, teve o gol inexistente do Panamá contra Costa Rica. Um erro grosseiro. A bola não entrou e o jogador do Panamá, deitado colocou a mão na bola, que não passou a linha e ainda saiu pela linha de fundo.

Quem gosta de teoria de conspiração, tem um prato cheio. Pode dizer que o juiz estava comprado. Mas poderia dizer também que Howard estava comprado. São duas acusações que mancham reputações. Mesmo que uma possa estar certa e outra não. Sem provas, apenas com convicções não se pode condenar ninguém.

Mas é fácil juntar o gol inexistente com as viradas. Qual é a tese? Ao saberem que os EUA haviam perdido, Costa Rica e México, já classificados, permitiram as viradas?

Mas a virada de Honduras sobre o México foi aos 15 minutos do segundo tempo. Ainda havia muito tempo.

Quem deu a ordem para que os jogadores de Costa Rica permitissem a virada, aos 87 minutos?

Foi o treinador?

E quem avisou o treinador?

Foi o dirigente?

E como avisou? Antes do jogo, ou ali no momento?

E como uma ordem destas nunca é vazada? Nunca se descobre?

E todos os jogadores aceitariam? Ninguém é contra? Ninguém se insurgiria?

E por que Honduras, que estava classificada, ficaria feliz com o gol do Panamá, que a jogou para a repescagem?

Enfim, é muita elucubração. Dois países e um juiz se uniriam para tirar os EUA da Copa, aproveitando-se de um erro grosseiro do goleiro Tim Howard, um exemplo de atleta.

É mais fácil pensar besteira do que fechar os olhos para a evolução de Honduras e Panamá. Os hondurenhos passaram a ser participantes assíduos de competições de juniores e juvenis, fizeram um bom papel na Olimpíada e podem estar indo para sua terceira Copa seguida. O Panamá contratou Hernán Darío Gómez, ex-treinador da Colômbia, em 2014 e apostou em um trabalho sério que deu resultados agora.

O que eu tenho certeza é que a eliminação dos EUA causou alegria entre os outros participantes. É o que se ganha quando se humilha todos os vizinhos, com caricaturas e atos concretos a vida toda. O cinema sempre mostrou mexicanos gordos e vagabundos, prontos para a siesta e não para o trabalho, sempre mostrou os imigrantes como mulas e vendedores de drogas. E agora, Donald Trump quer um muro para isolar o México.

O muro o isolou.

Afinal, muita gente tem amor próprio e não se rebaixa a ponto de prestar continência à bandeira dos EUA.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.