Topo

Menon

Islândia tem geração de ouro e difícil reposição

Menon

13/10/2017 12h25

A classificação da Islândia para o seu primeiro Mundial de futebol é surpreendente quando se lembra que o país tem 330 mil habitantes (dez vezes menos que o Uruguai), mas perfeitamente explicável quando se olha para a última Eurocopa, quando chegaram às quartas-de-final.

O resultado é fruto de um trabalho muito bem organizado, que permitiu o aparecimento de uma "geração de ouro", mas que terá dificuldades para se manter. É o que me contou o jornalista Ingvi Pór Saemundsson, com quem falei por email.

"A Islândia tem ótimos jogadores nascidos entre 1988 e 1990. É nossa geração de ouro. Há jovens e bons jogadores surgindo, mas não uma geração inteira. Será difícil a reposição, algo compreensível quando se fala de um país com 330 mil habitantes, disse Saemundsson. Ele lembra que os jogadores estão juntos há muito tempo. "Eles se classificaram para o campeonato europeu sub-21 em 2011 e nesse mesmo ano os treinadores Lars Lagerback e Hemir Hallgrímsson assumiram a seleção e montaram um esquema de jogo que se adaptou muito bem aos jogadores".

Para Saemundsson, "a seleção islandesa é muito organizada e bem treinada. Os jogadores são fortes mentalmente e adoram defender a seleção. E somos bons também em jogadas ensaiadas nas cobranças de de bola parada. Sigurdsson é um dos melhores do mundo nesse tipo de jogada e os lançamentos de Gunnarsson trazem muitos problemas para a defesa adversária".

Um forte trabalho de base entre as crianças é o responsável principal pelo aparecimento do futebol islandês, pode-se dizer assim, sem muito exagero. "As crianças começam a treinar em seus clubes, entre cinco a oito anos de idade. Não interessa o talento que tenham, recebem treinamento de alto nível, dado por excelentes treinadores".

Há uma grande quantidade de jogadores islandeses atuando fora do país. Sigurdsson é o melhor deles. O sucesso técnico do futebol islandês não se reflete no campeonato nacional. A média de público tem caído e está em torno de mil pessoas por jogo da liga principal, que reúne 12 clubes. O Kr (algo como Reykjavick Futebol Clube) é o mais popular. "Também é o time que todos adoram odiar", diz Saemundsson. O FH Hafnarfjördur (não consegui traduzir) é o grande vencedor dos últimos anos. Ganhou dez campeonatos de 2004 até agora. O campeonato é jogado no verão, de maio a setembro e alguns jogos são adiados por conta da temperatura. A pré-temporada é feita em ginásios fechados, com grama sintética, para escapar da neve.

O grande rival da Islândia é a Dinamarca. "Mas não é uma coisa que se compare com Brasil e Argentina", termina Ingvi Pór Saemundsson.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.