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Menon

A triste opção da Globo pela boleiragem.

Menon

18/10/2017 10h34

"A toda ação sempre há uma reação de mesma intensidade e direção, porém sentidos opostos."

Assim é o enunciado da terceira lei do físico Isaac Newton.

Sem a mesma intensidade (aliás, intensidade tendendo a zero), eu reajo à opção preferencial da Globo pela boleiragem. Já fui à 25 de Março e comprei um belo fone de ouvido. Verei os jogos pela televisão e ouvirei os comentários pelo rádio. Com algum jornalista.

Como Dom Quixote em sua luta contra moinho de ventos (tá bom, a semelhança física é com o parceiro do Quixote), como os que deram a vida em busca do Santo Graal, eu me dedicarei a procurar um jornalista para me informar sobre o jogo. Serei como ornitólogos que caminham pelo mundo em busca do canto do último passarinho de rabo azul.

Não sou corporativista, apenas prefiro jornalista a ex-jogador. Aliás, vou ampliar um pouco: prefiro jornalismo ao que os outros me oferecem: palhaçada, sabujice, falta de noção sobre limites. Ah, tem jornalista fazendo igual? Também não vejo.

O conflito de interesses é o que mais influencia na minha escolha. O que Ricardo Rocha pode me acrescentar quando comenta jogo da seleção brasileira? Ora, ele pode ser convidado a qualquer momento para fazer palestra para os atuais jogadores, pode fazer parte do "puxadinho" de comissão técnica que havia no tempo do Dunga… Como ele vai dizer que há algo de errado na seleção? Ou, pior ainda, como vai criticar alguma coisa dessa entidade corrupta chamada CBF?

E o Ronaldo, comentando Copa do Mundo? É  a mesma coisa que o Marin comentar. O Fenômeno sempre esteve ao lado do dirigente da vez.

Eu escrevi um livro sobre o Corinthians. Escrevi dois livros sobre o São Paulo. Não acho certo escrever para um clube. Como o Muricy pode comentar um  jogo e fazer palestra para jogadores do São Paulo?

E  comparação sobre o que o boleiro fez e fala? Já vi o Roger falando sobre dedicação em campo, justamente ele que flanava pelos gramados, com chuteiras marca havaianas. E há muitos outros exemplos.

Jogador de futebol geralmente vira comentarista com aquela arrogância toda. Você chupou laranja com quem? Dividiu quarto com quem? Só pode falar quem esteve lá.

Eu não penso assim. Prefiro quem estudou futebol e não quem jogou. Ah, como sou chato, também não gosto de comentarista professor. Tenho o direito de ser chato, eu pago por mês. Preciso das imagens para o meu trabalho. E escolho o que quer.

Então, me aguardem Cláudo Zaidan, André Coutinho, Mario Marra, Raphael Prates, Gabriel Dudziak, Massini, estarei na caça de vocês. Mauro Beting e Bruno Prado, me desculpem, mas não ouço a jovem kan.

Sabe o que minha opção pelo fone de ouvido vai fazer com a Globo? Nada. Mas vai fazer um bem danado para mim.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.