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Felipe Melo precisa aprender com Lugano

Menon

06/11/2017 16h26

Crédito: RONALDO SCHEMIDT / AFP

As contratações de Diego Lugano e Felipe Melo revelaram-se dois erros. Os dois não se firmaram como titulares de São Paulo e Palmeiras.

Lugano merecia ter tido mais chances. Ele fez ótimos jogos, enfrentando o Palmeiras de Gabriel Jesus, o Flamengo de Guerrero, o River em Buenos Aires e outros jogos. Falhou pouco, o que o credenciaria a ser o primeiro reserva da zaga, mas Rogério Ceni e Dorival Jr. não entenderam assim.

Melo também fez boas partidas, mas não foi o diferencial que a torcida esperava que fosse. E foi perdendo terreno porque seu estilo de jogo não agradava Cuca e, está claro, nem Valentim.

São iguais, então?

Como iguais, se a torcida do São Paulo venderia o leite do filho recém nascido para fazer uma estátua a Dio5 e a torcida do Palmeiras não vê a hora de seu pitbull ir latir em outra freguesia.

A diferença fundamental é que Lugano construiu seu status de ídolo pouco a pouco, amassando barro e enfrentando suas carências técnicas. Foi um vencedor no clube. Felipe Melo, como bem observou o colega Leandro Iamim, tentou os atalhos. Falou muito antes de jogar. Ia bater na cara de uruguaio, ia fazer e acontecer. E jogou muito menos do que falou.

Um amigo querido diz que os dois são iguais, são um desserviço ao futebol, por serem carniceiros e nada mais.

Eu não vejo assim. Há muitas diferenças entre eles.

Felipe Melo é mais jogador, tecnicamente falando.

Diego Lugano nunca foi expulso em uma Copa do Mundo.

Diego Lugano nunca fez um papelão como esse de Felipe Melo, arremessando uma munhequeira no rival.

Diego Lugano nunca derrubou treinador.

Diego Lugano nunca agrediu companheiro como Felipe Melo fez com Roger Guedes.

São questões futebolísticas, mas, para mim, há outra questão que pesa muito.

Lugano nunca disse que grevista é vagabundo. Inclusive, ele comanda um movimento no Uruguai para que jogadores da segunda divisão e de clubes menores recebam direito de imagem e mais dinheiro de Paco Casal, da Tenfield, que toma conta do futebol uruguaio explorando jogadores menores. A outra batalha foi na seleção principal, quando ele, como ex-capitão da seleção uruguaia, também comandou um movimento que levou mais dinheiro à AUF e aos jogadores, também lutando contra Paco Casal.

Logicamente, Lugano não está certo sempre, segundo o que eu penso do futebol e da vida. Ele, por exemplo, fez um papel ridículo na Copa-14, tentando justificar a mordida de Suárez em Chellini. E como justificou? Dizendo que o Brasil temia um novo Maracanazo e que por isso era preciso punir Suárez. Uma bobagem que foi aceita pela imprensa uruguaia. Mas, ao fazer esse discurso, Lugano trouxe Suárez como grande parceiro de outras brigas. Suárez, Godín, Forlán, Cavani, todos são solidários ao velho capitão.

E Felipe Melo? Quem é solidário ao homem que lidera a si próprio?

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.