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Nem gênio e nem burro, Valentim é a melhor aposta para o Palmeiras-18

Menon

07/11/2017 16h36

Está criado um senso comum que os treinadores brasileiros não são bons. Os veteranos como Luxemburgo assumem a postura Google: sabem de tudo, conhecem tudo. E não fazem questão de ser um Google segunda geração. Não querem a atualização. Outros, como Levir Culpi, parecem, como se diz em Aguaí, esperar que o mundo acabe em barranco para morrerem encostados. Há outros que, apesar de buscarem conhecimento, não conseguem dar o grande passo rumo a constantes títulos.

O vácuo de excelência resultou em uma torcida enorme para que novas figuras aparecessem e dessem certo. A brisa de renovação foi tratada com uma boa vontade poucas vezes vista. Um erro de Dorival ou Abel é muito mais criticado que outro, de Zé Ricardo ou Jair Ventura Filho. Jair, por exemplo, nunca erra. Leva viradas do São Paulo, Vitória e Botafogo e…tudo bem. Todos dizem que ele levou o médio elenco do Botafogo aonde ninguém esperava. Tudo bem, concordo, mas deixo a pergunta: e se tivesse um elenco forte nas mãos, daria conta do recado? Saberia jogar impondo (não gosto do termo propondo) o jogo, marcando alto, obrigando o rival a apostar em contra-ataques e mais nada?

Com Alberto Valentim, é o mesmo. Quando Cuca saiu e ele assumiu, tudo de bom em sua carreira foi lembrado. Jogou na Europa, fez estágio na Europa, é estudioso, fala bem… Tudo? Tudo, menos sua passagem pelo Red Bull. O time ficou em 13º lugar entre 16 participantes do Paulista, com 4 vitórias, 4 empates e 7 derrotas. Nada que um treinador sem a Europa no currículo não fizesse.

Bem, ele assumiu com toda a torcida a favor. Mudou o Palmeiras. Fez o time jogar muito melhor do que com Cuca. Mudou o estilo porco doido por um futebol mais bem jogado, com bola no chão. Colocou Keno. E fez o óbvio, deixando Deyverson (Cuca precisa responder por isso) no banco de Borja.

O time ganhou três seguidas, do Atlético-GO, Ponte e Grêmio e toda a torcida por Valentim se viu recompensada. Foi tratado como um novo gênio. Aí, veio o jogo contra o Cruzeiro. O Palmeiras foi superior, foi prejudicado pela arbitragem, mas o fato de marcar alto, no campo do rival, permitiu oportunidades ao Cruzeiro, de Mano, que adora um contra-ataque. Contra-ataque contra Myke e Egídio, muito frágeis para um mano a mano.

O amigo Fernando Vives, do Yahoo, avisou, em seu twitter: se jogasse assim contra o Corinthians, perderia. E falou mais: perderia com jogadas pelo lado, com Egídio no mano a mano. E com gol de Romero. Vives avisou. E Valentim não percebeu.

Errou feio. E, de gênio, passou a ser muito contestado.

Eu, como sou um sujeito moderado, nunca o achei gênio. Nunca esqueci o fracasso no Red Bull. Mas não acho que um erro como foi no clássico o tire da passarela. Ele não foi o único errado no derby. E nem o mais errado. Sua tática poderia dar certo com jogadores melhores, sem a inépcia de Egídio e Myke e sem a lentidão de Dracena. Nota: falei muitas vezes sobre como o elenco do Palmeiras tem erros de montagem. Dois centroavantes caríssimos e laterais de futebol baratíssimo.

Eu considero Alberto Valentim a melhor opção para o Palmeiras-18. Poderá pedir ou descobrir no elenco, jogadores adaptados ao seu esquema. O zagueiro Vitão, da seleção sub-17 poderia ser uma solução. Com tempo para trabalhar, sobre uma boa base, ele pode, sim, fazer um ótimo trabalho. Ganhando muito menos que medalhões. E, se não der certo, semrpre é possível buscar outro nome.

É preciso mesmo uma renovação entre os treinadores. É preciso dar oportunidade a jovens como Valentim. O que não se pode é pensar que ele e outros já são gênios, já são, com três ou quatro jogos, uma realidade.

Pensem comigo: se, com três ou quatro jogos, a pessoa já está formada, já é uma maravilha, vai aprender o quê no resto da vida? Alberto Valentim vai crescer muito e pode fazer o Palmeiras crescer com ele.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.