Covardia contra Egídio
Agora, sim, está tudo resolvido no Palmeiras. O planejamento foi muito bem feito, Alexandre Mattos gastou muito bem o dinheiro do clube, a dona da Crefisa não adora um holofote, tudo, tudo está certo. A perda do Paulista, do Brasileiro, da Copa do Brasil, tudo está certo. O único culpado é o Egídio.
Esse é o recado da diretoria do Palmeiras ao repreender publicamente o jogador. E, não satisfeita, em puni-lo financeiramente. E por que Egídio foi
punido? Por beber antes do jogo? Por frequentar baladas? Por chegar atrasado em treino? Por tramar a queda de treinador? Por agredir algum dirigente?
Não, Egídio foi repreendido e punido por mandar um torcedor tomar no…. Na verdade, ele respondeu a ofensas do torcedor no aeroporto? Ao fazer isso, Egídio se tornou o bode expiatório perfeito. Sua cabeça foi entregue à torcida, como a cabeça de João Batista foi entregue, por Herodes, em uma bandeja, à bailarina Salomé.
Uma covardia imensa e reveladora da maneira tíbia como os dirigentes dos grandes clubes se comporta diante da torcida. A torcida é uma entidade mítica que não pode ser confrontada nunca. O jogador pode fazer tudo de errado possível, pode afrontar as regras mínimas do profissionalismo, mas se ousar se defender de um desocupado qualquer, é repreendido e punido.
E o que falar de Egídio?
Até o mais desligado periquito da Austrália, sabe que ele é um jogador de bom chute e de pouco poder defensivo.
Mesmo assim, ele veio para o Palmeiras.
Até o mais tenro porquinho sabe que um jogador de pouco poder defensivo, precisa ser bem protegido.
Mesmo assim, Alberto Valentim escalou o Palmeiras com marcação alta, deixando-o no mano a mano,
Egídio, como qualquer vidente inexperiente da Praça da República poderia prever, falhou.
E ele, sob pressão, rebateu um desocupado.
E, pronto está resolvido.
Foi repreendido, foi punido, será afastado do time e do elenco.
E Alexandre Mattos continuará gastando os tubos, sem conseguir dois laterais de alguma qualidade defensiva para o time. Liberou Robinho para ter Fabiano e Fabrício. Não deu certo. Trouxe Myke, Michel Bastos, Zé Roberto e nenhum deles garantiu que Egídio, sempre contestado, fosse para a reserva.
E segue o baile. Borja custou milhões. Cuca não gostou. Veio Deyverson, que custou milhões.
Dinheiro na mão é vendaval, é vendaval.
Esquece. A culpa não é de Galiotte, não é de Leila, não é de Cuca, não é de Valentim, não é de Mattos.
É de Egídio, que ousou enfrentar um imbecil.
Um imbecil que é encarado como a Torcida, a entidade mística que não pode ser contestada.
O Palmeiras não merece Egídio. Mas também não merece a covardia de quem o dirige.
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