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Jô renasceu e deu um chega prá lá em João Alves Assis Silva

Menon

15/11/2017 06h00

João Alves de Assis Silva nasceu em 20 de março de 1987 e morreu logo depois. Não se sabe exatamente se alguns minutos, horas ou dias. O fato é que, embalado pelo carinho familiar, virou Jô. Só Jô. Era Jô quando estreou, aos 16 anos. Era Jô quando rodou mundo, quando voltou, quando ganhou a Libertadores pelo Atlético e quando jogou a Copa-14.

E ainda era Jô quando voltou ao primeiro ninho, no final do ano passado. Um Jô que corria pelo gramado, totalmente ignorado por jornalistas. A incógnita era sua companheira de trote. A ironia estava mais longe, um pouco. No lado de fora e também, vamos ser sinceros, na cabeça de grande parte de torcida. Apostar em Jô? Só mesmo um time sem dinheiro. A quarta força.

O Jô que se preparava para o novo ano, era o menos Jô possível. Ele estava pronto de ser novamente João Alves de Assis Silva. Quem? O Jô, aquele que jogou a Copa e depois foi para os Emirados Árabes e para a China. O Jô que chutou a sorte, que trocou a noite pelo dia, o dia pela noite, que não era um craque, mas que poderia ter ido muito longe, que ganhou dinheiro e perdeu.

Se a corrida era ao lado da desesperança, da incógnita e da ironia, o Esquecimento estava rondando. Era o fantasma da vez.

Jô era um homem em busca da segunda chance. Ela veio, não se sabe por quais motivos, mas ele aproveitou. E como aproveitou. O Corinthians ganhou dois títulos. E ele, antes do jogo contra o Fluminense, era o artilheiro do clube no ano, com 23 gols, mais que o dobro de Rodriguinho. Marcou no São Paulo, no Santos e no Palmeiras. No Vasco, Botafogo e Flamengo.

Marcou tantos gols que se transformou no maior artilheiro do Corinthians na história dos pontos corridos do Brasileiro, com 29 anotações. Tevez, o segundo, tem 25.

Mas, gols ele sempre soube fazer. Está próximo dos 200. Fazer gol é fácil. Difícil é recuperar o status de atleta para poder fazer gols. E ainda se transformar em líder do elenco, porta-voz do time e homem de confiança de Carille. Difícil é enfrentar a cobrança de muitos por uma atitude que não foi bacana (negar até o fim que a bola havia tocado em seu braço). Cobrança que extrapolou todos os limites, tratando-o como um cidadão de segunda classe.

Jô está forte. Pronto para mais um ano. Pronto para evitar recaídas.

João Alves de Assis Silva está mais longe. Muito mais longe. Um dia, ele voltará à cena. Com todos, é assim. Mas, quando perguntarem que é o velho espigado, o diálogo será assim.

É o Jô.

Que Jô?

O Jô, que começo no Corinthians, rodou mundo, foi para Copa e voltou para o Corinthians, quando ninguém mais apostava nele. Aproveitou a chance, deu a volta por cima e jogou muita bola em 2017.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.