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Escolha de treinadores explica sucesso do Corinthians

Menon

16/11/2017 13h17

Em 2011, com Tite, o Corinthians foi campeão brasileiro e iniciou uma escalada que todos sabem na ponta da língua: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Brasileiro e Brasileiro, completada agora, com três rodadas de antecipação. O modo como escolheu seus treinadores, em comparação com seus rivais, mostra muito da razão de tanto sucesso.

Na verdade, a história começa antes, a partir de dois fracassos. O Corinthians caiu em 2007 e contratou Mano Menezes, um treinador de primeira linha para a segunda divisão. Com ele, o time subiu sem sustos, foi campeão paulista e da Copa do Brasil no ano seguinte, antes de assumir a seleção brasileira.

Uma ascensão que teria um fracasso com Tite, o substituto. Em fevereiro de 2011, o Corinthians perdeu para o Tolima e nem chegou à fase de grupo da Libertadores. Quando a realidade do futebol brasileiro indicava demissão, ele foi mantido.

Então, a primeira dica está aqui. Na queda, contratação de treinador de alto nível. Troca por outro treinador de nível e sua manutenção, após um fracasso.

Com Tite, vieram o Brasileiro, a Libertadores e o Mundial em uma sequência gloriosa. Saiu após um período de desgaste e foi substituído por Mano Menezes.

Aí está a segunda dica: há uma linha de trabalho coerente, são dois treinadores de um mesma escola, e não vamos usar aqui a redução de chamá-la de escola gaúcha. São treinadores que gostam de times fortes, com defesas protegidas e sem sustos.

Após um ano de Mano Menezes, voltou Tite. Foi campeão brasileiro e, no ano seguinte, como Mano em 2010, assumiu a seleção.

Temos, então um período de 2008 a 2016 com dois treinadores. A manutenção de uma linha de trabalho que criou uma identidade. A torcida passou a gostar do estilo de jogo. Não sonha com espetáculo. Quer títulos.

Em 2016, o Corinthians muda de estilo. Traz Cristóvão Borges, conhecido por não ter muita facilidade em montar equipes seguras na defesa. Ficou 18 jogos e saiu. Entrou Fábio Carille. Ficou poucos jogos e veio Osvaldo de Oliveira, também conhecido por montar times com pouca força defensiva. Ficou 18 jogos.

E, sem dinheiro para aventuras, o clube apostou em Fábio Carille. Que estava no clube desde 2009, como auxiliar.

E vieram dois títulos.

Em dez anos, o Corinthians teve, à exceção de Cristóvão e Osvaldo, três treinadores. Mano e Tite, que têm conceitos muito parecidos. E Carille, que foi auxiliar dos dois. Houve também um pequeno tempo com Adílson Batista, entre Mano e Tite, em 2010.

Manutenção de trabalho de bons treinadores que criou uma identidade do clube, respeitada e apoiada por seus torcedores.

E o que fizeram os rivais do Corinthians, no mesmo período a partir de 2011? Vamos comparar com os rivais paulistas e com Flamengo e Grêmio, que também lutaram pelo título em 2017.

Palmeiras: Felipão (10/12), Kleina (12/14), Gareca (14), Dorival Jr. (14), Osvaldo (15), Marcelo Oliveira (15/16), Cuca (16), Eduardo Baptista (17), Cuca (17).

Observa-se aqui a aposta em Kleina e Eduardo Baptista, com pouco currículo. E a recusa em dar a Dorival Jr. o apoio que o Corinthians deu a Tite, no caso do Tolima.

São Paulo – Carpegiani, Adilson, Leão, Ney Franco, Autuori, Muricy, Osório, Doriva, Bauza, Ricardo Gomes, Rogério Ceni e Doriva Jr.

Uma salada, não? Bauza após Osorio? Totalmente diferentes. Doriva, por sete jogos? Qual o currículo? Rogério Ceni, que nunca havia treinado nenhum time? Adilson e Ney Franco que não se firmaram e estão quase aposentados? Leão, que veio pela fama de bravo? Autuori, um ícone do clube, que foi mandado embora após três meses? Muricy, que salvou o clube em 2013? Reparem que o grande vencedor Muricy não veio para um trabalho de longo prazo. Veio para impedir o rebaixamento. Ricardo Gomes, que veio com problemas de comunicação, conseguiu dar padrão ao time e não ficou porque Rogério estava na fila? Do emprego e também do desemprego? E Dorival, vai ficar? Não há nada planejado. É como biruta de aeroporto.

Santos – Adílson (11), Muricy (11/13), Claudinei (13), Osvaldo (14), Enderson (14/15), Marcelo Fernandes (15), Dorival Jr (15/17) e Levir (17).

Vemos que Muricy e Dorival, que tiveram tempo de trabalho (por responderem logo às necessidades, o que é correto), foram vencedores. Mas temos também a prática da manutenção de interinos como Claudinei e Marcelo Fernandes, por pedido de jogadores. E Levir substituindo Dorival Jr. Dois treinadores que pensam de forma diferente, nada de continuidade),

Flamengo – Luxemburgo (10/12), Joel (12), Dorival Jr. (12/13), Jorginho (13), Mano (13), Ney Franco (14), Luxemburgo (14/15) Cristóvão (15), Osvaldo (15), Muricy (16), Zé Ricardo (16/17) e Rueda (17).

Temos a dupla Cristóvão e Osvaldo em seguida, como no Corinthians. Muricy, veterano que teve problemas de saúde, o jovem Zé Ricardo, que conhecia tudo do clube, seguido por Rueda, que não conhecia nada.

Grêmio – Renato, Celso Roth, Caio Jr, Luxemburgo, Renato, Enderson, Scolari, Roger e Renato.

A gangorra entre ídolos do clube como Renato, Scolari e Roth, veteranos como Luxemburgo e jovens como Roger e Enderson.

Não há um fio condutor.

O Corinthians foi muito melhor nesse aspecto. E, em consequência, nos outros também.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.