Topo

Menon

São Paulo é Teodoro Madureira

Menon

19/11/2017 18h20

A bela Dona Flor, cozinheira de mão cheia, era casada com Vadinho, bêbado, vagabundo, irresponsável e grande amante, que morre em um dia de Carnaval. Passado o luto, ela se casa com o dr. Teodoro Madureira, farmacêutico, homem ilibado e pouco afeito às artes eróticas. Vadinho volta ao mundo dos vivos, como um espírito, e dona Flor toca a vida com seus dois maridos. Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça estrelaram o filme, baseado na obra de Jorge Amado.

O São Paulo é Teodoro Madureira, sem dúvida. Uma das frases preferidas do doutor era: "cada coisa em seu lugar, cada lugar para sua coisa", um reflexo da pouca ousadia de sua vida.

A frase cabe ao São Paulo.

O time entrou em campo com 45 pontos e sem chance alguma de cair. O desenrolar do campeonato mostrará isso. Desde 2006, quando o campeonato por pontos corridos passou a ter 20 clubes, apenas uma vez um time caiu com 45 pontos. Foi o Coritiba, em 2009. Uma vez em 12 edições.

O time entrou em campo com alguma possibilidade, pouca é verdade, de conseguir uma vaga para a Libertadores nesse campeonato que pode classificar até nove clubes. Nove. A chance existe e o time tem de lutar por ela.

O São Paulo, em vez de entrar sonhando com a Libertadores, entrou pensando em se afastar, de vez, do rebaixamento. Uma coisa em cada lugar, cada lugar para sua coisa. Vamos escapar do rebaixamento para depois sonhar. E vai dar tempo?

Já faltou ousadia contra o Vasco e o Grêmio. O time joga sem força pelos lados, não tem infiltração e faz da troca de passes a sua maior arma. Mas, sem Hernanes e sem Cueva, que entrou apenas no segundo tempo, fica difícil. Foram 562 passes (90% certos) e apenas oito chutes. Dos oito, apenas três no alvo. Pouquíssimo.

E a falta de ousadia nas substituições. Junior Tavares entrou em lugar de Shaylon. Por que não manter os dois e sacar um volante? E depois, Gilberto em lugar de Pratto. Por que não, novamente, Gilberto em lugar de um volante? Ora, porque o contra-ataque do Botafogo é bom. E era necessário defender o ponto salvador. Salvação desnecessária, todos verão.

O São Paulo precisava ousar, buscar a vitória, pressionar como se fosse a última chance. Porque era. Porque ainda havia uma chance. Mas a leitura foi outra.

Vamos nos salvar primeiro.

Vamos escapar do rebaixamento primeiro.

Cada coisa em seu lugar, cada lugar em sua coisa.

Papai e mamãe.

Teodoro Madureira na veia.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.