Topo

Menon

O grande amor do Grêmio

Menon

30/11/2017 11h23

O texto abaixo
é do jornalista
Rafael Costa Sanches
O Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense nasceu em 1903, porém, só conheceu o grande amor da sua vida na década de 80. Antes disto, o Grêmio teve suas paixões: Foguinho e Tarcisio podem ser colocados nesta lista. Mas apesar dessas paixões serem marcantes e lembradas com carinho, não chegaram ao amor despertado por Renato Portallupi, o Renato Gaúcho.
Nada é maior no coração gremista do que o Renato. Apesar do seu jeito de cafajeste, digno do Vadinho de Dona Flor e seus dois maridos, o Grêmio amou mesmo assim.
Renato foi um furacão na vida do Grêmio, chegou, ganhou títulos e encantou o torcedor gremista. Ali, nos primeiros gols, dribles e vitórias, a paixão nasceu. Em 83, com a Libertadores e o Mundial, a paixão se tornou amor, uma devoção. Algo inimaginável para quem não é Grêmio. Só o Grêmio conhece esse amor.
Assim como Vadinho, Renato Gaúcho deitou em outras camas. Jogou e treinou outros clubes. Mas dá pra imaginar o Renato, com um sorriso cínico, falando para o Grêmio:
– Esses outros times foram apenas pra passar o tempo. Você, Grêmio, é quem eu amo.
E o Grêmio acredita. Acredita porque nas mãos de Renato, o Grêmio sonha, vive momentos inesquecíveis que só dois amantes são capazes.
Após a saída de Renato, assim como Dona Flor no romance de Jorge Amado, sofreu a ausência do amado, seu jeito, ousadia. Mesmo as alegrias já não tinham o mesmo sabor.
Na década de 90, o Grêmio conhece seu Teodoro Madureira. Luiz Felipe Scolari, o Felipão. Homem digno, correto, proporciona momentos de alegria, mas não o êxtase, o amor, o orgasmo. Teodoro Madureira não era Vadinho. Felipão não era Renato.
E assim o Grêmio foi seguindo, até o fantasma do Renato Gaúcho aparecer, assim como o Vadinho. O fantasma apareceu nos anos 2000, o Renato treinador as vezes flertava com o Grêmio. Satisfazia alguns sonhos, vontades e desejos do Grêmio. O Tricolor sonhava, mas não realizava, não vivia o sonho. Mas o Renato, só o Renato, faz o Grêmio sonhar sem ter motivos nenhum para isso.
Em 2016, os amantes se encontraram de forma inusitada. Saia o burocrático Roger Machado e chegava o furacão Renato. Neste ano, o Grêmio viveu com intensidade seu amor. Sonhou e sonhou alto. Como não fazia há anos. Viveu as alegrias que há 15 anos não conhecia. Mas foi só esse ano que o Grêmio viveu de novo o orgasmo. Se entregou ao Renato Gaúcho como tinha feito em 83 e ganhou a Libertadores.
Agora, Renato Gaúcho e Grêmio estão neste momento olhando para as estrelas, abraçados. Renato aponta para a estrela do Mundial e promete ao Grêmio. Como dois amantes e suas promessas.
O Grêmio acredita, mesmo não tendo nenhum motivo para isso. Mas nos braços de Renato, só do Renato, o Grêmio entrega-se ao sonho.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.