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Diego Alfredo Lugano Moreno é História

Menon

04/12/2017 06h18

O primeiro a se dizer sobre a despedida de Lugano é que ele fez uma boa partida, bem ao seu estilo: discreto, praticando jogo de contato, usando os atalhos para evitar que a pouca velocidade trouxesse problemas, pressionando o juiz…. E por que foi uma boa partida? Porque Lugano, que não jogava há muito tempo, todo um turno, estava em forma física. Esteve treinando como nunca. E como sempre. Não vestiu pijamas. Estava pronto para jogar, contra o Bahia e em todos os jogos anteriores.

A despedida mostrou que ele deveria e poderia ter atuado muito mais vezes do que foi utilizado. Quantas vezes? Todas aquelas em que Lucão estava em campo. Ou Douglas. E também Bruno Alves. No mínimo. Desde que voltou, no ano passado, Lugano fez 37 partidas. Algumas muito boas (River no Monumental, Flamengo no Morumbi, Palmeiras no Morumbi) e nenhuma mal. Para se lembrar de um erro dele é precisa pensar muito. E ainda fez dois gols.

Mas, acabou. É passado. Diego Lugano não joga mais.

Entrou na História do clube. Assim, com Maiúscula.

Imaginem um concurso com notas sobre impulsão, toque de bola, passe, vigor nas divididas, cobertura entre Lugano e Mauro Ramos . de Oliveira, Oscar, Bellini, Miranda, Roberto Dias. O uruguaio talvez fosse o último colocado. Então, por que ele é o mais querido zagueiro de todos os tempos, por que ele é um dos mais amados jogadores de todos os tempos?

Estou falando do São Paulo, é lógico.

Porque ele é são-paulino.

Todo torcedor do São Paulo se sente representado ao vê-lo com a camisa das três cores. Todo torcedor são-paulino sabe que, se estivesse em campo, não conseguiria ter mais respeito e amor ao clube do que Diego Lugano. Poderia até jogar mais do que ele, mas não jogaria com mais amor.

E futebol é muito mais do que a soma das qualidades específicas exigidas para cada função.

Fosse assim, não seria futebol. Seria concurso público.

Diego é uma incógnita. Seus detratores o chamam de paneleiro e quem jogou com ele, como Calleri, Eguren "(Nunca tive um capitao como Lugano, primeiro ele cuida da gente e depois cuida dele"), Cavani, Alex diz, sem titubear, que ele é o Capitão. Alguém que sabe respeitar e se fazer respeitar. Dos mais velhos aos mais jovens. Brenner, de 17 anos, fez seu primeiro gol na despedida de Lugano. Ganhou a camisa, ganhou um beijo. E sempre se lembrará dele.

Outros dizem que é carniceiro. E não se conformam quando ele termina mais uma partida sem ser expulso. Poucas vezes, foi para o chuveiro antes de o jogo terminar.

Comparem Lugano com Felipe Mello.

Quem joga mais?

Quem se preocupa com o clube?

Quem trata bem os mais jovens?

Quem vai para a reserva e respeita a decisão:

Quem derruba técnico?

Felipe Mello é a resposta correta para as opções A e F.

Lugano é o capitão celeste mais carismático depois de Obdúlio. Lugano mudou a cara do futebol uruguaio, lutando contra Paco Casals para que a Celeste recebesse muito mais dinheiro. E para que os jogadores sem nenhuma expressão, da segundona uruguaia e também dos times pequenos, recebessem um mínimo de dignidade.

Como jogador, foi muito além do que poderia ir. Muito além do que estava determinado a ir. Superou suas falências e, assim, as desconfianças de todos com quem trabalhou.

Foi assim, com suor, com superação, dignidade e caráter, que deixou o futebol para entrar na História.

Leia agora porque LUGANO, HONRA E DIGNIDADE ESTÃO SEMPRE JUNTOS

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.