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Robinho merece o benefício da dúvida

Menon

10/12/2017 12h18

Robinho foi condenado a nove anos de prisão na Itália por um crime abjeto: violência sexual contra mulher. Estupro. Mais abjeto ainda por haver sido cometido em grupo, com mais quatro pessoas. E, a meu ver, ainda pior pelo fato de a vítima ser uma mulher albanesa, imigrante como Robinho. Se é que houve o crime, se é que houve uma conversa preliminar, nunca passou pela cabeça do jogador o seguinte raciocínio: "como a vida foi boa para mim. Nasci pobre e aem qui estou ganhando muito dinheiro, enquanto essa mulher está aqui, vinda de um país muito mais pobre do que o meu, tentando ganhar algum dinheiro". Nenhuma solidariedade.

Eu digo "se é que houve o crime" não para desqualificar a vítima, mas por um fato muito simples: a justiça italiana permite vários tipos de recurso.

E, ao contrário do que se tenta implantar no Brasil, o que se tem quando há uma condenação com recursos a serem ainda analisados, é justiçamento e não Justiça. O fato de uma pessoa só cumprir pena após todos os recursos serem julgados e exauridos é uma conquista humana, presente em todos os países democráticos e que ainda não estão subjugados pela sanha persecutória da chamada República de Curitiba.

Há um exemplo muito claro de como Robinho merece o benefício da dúvida. Ele foi acusado de estupro também em 2009, por uma jovem na Inglaterra, quando jogava pelo Manchester City. Houve o julgamento e constatou-se que a acusação era mentirosa. A jovem foi condenada.

Mais um? Em 2015, oito jogadores cubanos foram acusados de estupro por uma jovem finlandesa. Ele pertenciam à seleção cubana de vôlei, que disputava a Liga Mundial, na cidade de Tempere. A polícia da Finlândia prendeu todos. Dois foram colocados imediatamente em liberdade. Os outros seis foram julgados e um deles, Dario Alba Miranda, absolvido. Os outros foram condenados e presos. Houve recurso e as penas diminuídas para quatro deles. O quinto, Luis Tomas Sosa Sierra foi absolvido.

Absolvido, após perder seu contrato na Argentina e não poder disputar a Olimpíada do Brasil. Ele processou o governo da Finlândia e ganhou 200 mil euros.

Deve haver, com certeza há, casos de condenação injusta que nunca foram reparadas.

Por tudo isso, porque Justiça não é Justiçamento, Robinho merece a dúvida.

Se eu fosse presidente de um time de futebol, não contrataria Robinho. Ele custa muito caro e não joga para tanto.

E, caso seja culpado de verdade, após todas as instâncias de julgamento serem esgotadas, eu não o contrataria nem se jogasse como o Messi e recebesse como o Rubenílton Goiano, lá de Aguaí.

E, se estivesse no meu clube, eu o mandaria embora.

Antes disso, não.

É melhor ter um criminoso (mesmo em um crime abjeto como esse) livre, do que ter uma justiça com letra minúscula, comandada por fanáticos religiosos de camisa preta, prontos a invadir universidades, a pedir ao presidente que interfira junto ao STF (a independência dos poderes é um dos pilares da Democracia) e a condenar sem provas, apenas por sua convicção divina.

Robinho e o Brasil não merecem.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.