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Menon

CR7 precisa comer muito tremoço para ser Pelé

Menon

23/12/2017 12h47

O passado é um porto seguro. Pelo menos, as lembranças que temos dele. Memória seletiva. A primeira namorada (ou namorado) era fantástica. E continua sendo. Nem interessa se, no facebook, a pessoa se tornou uma jihadista do Bolso.

A tendência para achar que todo o passado é perfeito se espraia pelo futebol. Todo time tinha um dez melhor que Zidane. Tudo era melhor, hoje não se joga futebol etc.

E por que cargas d'água, de uma década para outra, não haveria mais jogadores bons? Alguma maldição alienígena? Alguma deformação genética?

Nada. Hoje, vivemos o duelo de dois grandes jogadores. Aquele que pode estar, com méritos, entre os dez mais da História, está levando vantagem sobre o outro, que mercê estar entre os cinco.

Vamos aproveitar, sem ficar no pântano passadista.

Mas há o outro lado também. Nada do que foi, presta. A OTD é mais que o Brasil bicampeã. Mbappe é mais que Garrincha. Cruyff, bem, Cruyff é europeu. Com ele, não se mexe.

Há dois argumentos principais. O primeiro é relacionado à parte fìsica. Hoje, se corre muito mais e não há espaços. Então, os de antigamente, não conseguiriam andar.

Ora, não estamos falando do DeLorean de Marty McFly. Temos de imaginar aqueles craques com o preparo físico de hoje. Aquele Pelé, de 70, que parou no ar, contra a Itália, subiria ainda mais hoje. Jairzinho seria um tanque mais forte, mais rápido e mais legal.

O segundo argumento é que Pelé não jogou na Europa. Mas levou o Santos a dois títulos mundiais. Imaginemos então se Messi tivesse feito sua carreira no Rosário. Ou Cristiano no Sporting.

Então, sem nenhum pé no passado e realmente extasiado com o duelo Messi e CR7, eu digo que o português, que joga muito, tem de comer muito tremoço para ser como Pelé.

Mesmo porque no tempo de Pelé, que nunca foi para a Europa, não havia duelo.

Ele era o Rei.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.