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Ademir da Guia e Forlán. O futebol não nasceu hoje

Menon

24/12/2017 10h06

A foto acima é um pequeno exemplo de como certos conceitos, muito elogiados hoje, já estavam presentes há tempos no futebol brasileiro.

A foto é de 1972, aproximadamente. Mostra Ademir da Guia, jogador extremamente técnico, um meia clássico, ajudando o zagueiro Alfredo Mostarda a marcar Pablo Forlán, no meio da área palmeirense. O lance é observado por Dudu, um marcador implacável.

E que tipo de jogador era Pablo Forlán? Um lateral uruguaio amado pelos são-paulinos e odiado pelos rivais pelo modo duro como jogava. Batia muito. Uma característica marcante que deixou em segundo plano o seu bom passe.

Então, temos um lateral violento, atacando como centroavante e sendo marcado por um craque. Alguém falou em recomposição?

Outro detalhe: ao fundo, no lado direito da foto, há um tricolor bigodudo. É José Carlos Serrão, ponta-esquerda técnico, de pouco drible é bom passe. Jogava também como meia. No lance, ele está bem atrás, na defesa, cobrindo a avançada de Forlán.

Um pouco atrás de Ademir, está Madurga, meia argentino, técnico e lento, que perderia lugar para o grande Leivinha.

Então, podemos pensar em diálogos assim.

Serrão – Vai, Forlán, que eu fico

Dudu – Corre, Madruga. Pega o Gringo.

Ademir – Pronto, Dudu, tirei a bola dele. O Madurga, não adianta. Corre só isso.

Alfredo – Porra, Ademir, eu ia pegar o cara.

Forlán – Pegava nada, Maricon.

Imaginação à parte, o fato é que o lance é normal nos dias de hoje. Como era normal há 50 anos.

O futebol mudou? Sem dúvidas.

Mas não começou na semana passada, como diz a turma do clean sheet.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.