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Marin é a cara feia da cleptocracia esportiva brasileira

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30/12/2017 10h11

Meninos Maluf e MarinA charge é do meu amigo Paulo Batista, talentoso e sofredor torcedor da Lusa.

José Maria Marin, ex-presidente da CBF, espera, preso, em Nova a, a decisão da juiza Pamela Chen que pode levá-lo a cumprir 120 anos de reclusão. Foi condenado em seis da sete acusações de corrupção, entre elas, lavagem de dinheiro e participação no grande escândalo da Fifa.

O medíocre ex-jogador e político ligado à linha dura da ditadura militar, é apenas a face mais feia e sem charme (nenhum charme) da cleptocracia que dirige o futebol brasileiro há décadas. Se João Havelange tinha um ar imperial, se Ricardo Teixeira tentava imitá-lo e se del Nero passeia com desinteressadas capas de revistas, Marin foi pego roubando uma medalha que premiava um jovem corintiano campeão da Copa São Paulo.

É um ladrão de carteiras que se viu diante de grandes possibilidades. E mergulhou nelas. Com uma vida feita, rico, não teve vergonha de continuar roubando aos 85 anos. É o legado que deixa aos seus descendentes.

Ao mesmo tempo, Paulo Maluf, seu velho amigo, um ano mais velho, também está preso. Também por corrupção. É uma dupla prisão que serve de aviso a jovens que desconhecem a história. Os que acreditam que não havia roubo nos tempos de chumbo, basta lembrar (basta?) que José Maria Marín foi vice-governador de São Paulo de 1978 a 1982, na chapa de Maluf. E assumiu o cargo em 1982, quando Maluf saiu para deputado federal.

Uma dupla de ladrões condenados dirigindo São Paulo.

A bem da verdade, diga-se que o povo de São Paulo fechou as portas para Marin. Em 2000, ele foi candidato a prefeito e em 2002 a senador. Em ambos os casos, teve 0,2% dos votos. Em cada mil pessoas, duas votaram nele. Estava acabado politicamente, mas se voltou ao futebol e, na lama conseguiu sucesso.

Assim vive nosso esporte. Com marins, delneros, teixeiras, havelanges e nuzmans.

São sustentados por clubes que não respeitam o poder de sua história.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.