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Felipe Melo fecha a boca e come a bola

Menon

29/01/2018 05h19

Se houver um ranking das resoluções de Natal, certamente a promessa de perder peso estará no topo. Fechar a boca. Perder peso. Felipe Melo não precisa perder peso. Mas precisava fechar a boca. Não sei se ele fez tal promessa, mas a verdade é que em 2018, tem falado apenas com os pés. Nada de prometer porrada, nada de pedir respeito em treinamento porque o companheiro não gostou de um trote, nada de tirar satisfação com quem comemorou muito e nada de querer se impor no grito.

Felipe Melo está jogando apenas bola. E muito bem. Ele abandonou o que parecia uma louca obsessão por ser ídolo da torcida. Ele, como disse muito bem o amigo Leandro Iamin, apostava no atalho para ter sucesso. Em vez do trabalho cotidiano, jogo a jogo, era um boquirroto, fazendo as bobagens que toda torcida gostar de ver, falando as tonterias que toda torcida gosta de ouvir.

Deu no que deu.

Agora, postado à frente da zaga, tem sido, segundo o site footstats, o primeiro colocado em três itens: desarme, passe e lançamento. Por ele, ninguém passa. E, com a bola dominada, um companheiro a recebe redondinha, redondinha. E ainda há a possibilidade do passe longo, como o que terminou com o gol de Dudu, contra o Bragantino.

Não é surpresa, pelo que ele mostrou em momentos de sua carreira. É surpresa, sim, pelo que mostrou em outros. Há o Felipe Melo da copa de 2010, com um lançamento de Gérson para o gol de Robinho contra a Holanda. E há o cobrador da Máfia em dia de cão, com a mulher reclamando que esqueceu de comprar o gás e o chefe dizendo que está na corda bamba. Aí, o cara, desconta com violência contra quem deve à Organização. Seria menos feio do que Felipe Melo fez, no mesmo jogo contra a Holanda, contra Robben.

O Médico e o Monstro.

O Bom de Bola e o Personagem.

Em 2018, até agora pelo menos, Felipe Melo tem feito boas escolhas. É um monstro só na bola.

E ninguém reclamou.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.